Vida de professor da rede pública

Súplica Cearense

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A Independência dos EUA e o movimento Tea Party


Leitura e compreensão de texto jornalístico
O texto abaixo é um artigo escrito pelo jornalista Ruy Castro por ocasião de uma reunião de ativistas de um movimento conhecido como Tea Party ocorrido nos Estados Unidos em fevereiro de 2010. Leia-o com atenção e responda as questões que o acompanham.
     Ao ver a foto do grupo de flibusteiros -casacas de veludo azul e vermelho, cabelos empoados, chapéus de três bicos e cada qual com um mosquetão, tudo com cara de brechó-, pensei que fosse um bloco de Carnaval. Mas no Idaho, um dos Estados mais caretas e sem graça dos EUA?
     A legenda da foto explicou: era um grupo de “patriotas” americanos -um conclave de organizações com nomes como Amigos da Liberdade, Aliança pela Liberdade ou Defensores da Liberdade. Na verdade, gente que está à direita de George W. Bush e para quem Barack Obama é o bicho e precisa ser exterminado antes de instalar sua “tirania socialista”. Por tal tirania entendam-se medidas sociais, proteção a imigrantes e injeções de dinheiro do Federal Reserve, o Banco Central americano, para salvar a economia -à custa, dizem eles, de suas economias.
Meio que inspirando e unindo essas organizações está o agressivo “Tea Party”, sendo “Tea” um anagrama para “taxes enough already”, ou “chega de mais impostos” -um movimento surgido há um ano na esteira da recessão, do desemprego e da própria existência de Obama. Não é ainda um partido, mas, pela preocupação do Partido Republicano com o seu crescimento, não demora a ser.
     O “Tea Party” é composto de senhoras patuscas que, até há pouco, estavam de avental sujo de ovo, fritando bolinhos, e não saberiam apontar Washington no mapa. Hoje promovem comícios com seguranças armados, usam retórica racista, estimulam a formação de milícias e falam até numa nova guerra civil. Sua heroína é Sarah Palin, candidata a vice na chapa Republicana derrotada por Obama e uma das mulheres mais ignorantes -e espertas- da América.
Decididamente, essa turma fantasiada de patriota parece a fim de tudo, menos de Carnaval.

a) Escreva um parágrafo explicando do que se trata o texto.
b) No seu entendimento, que opinião o jornalista manifesta em relação ao movimento do Tea Party? Justifique.
c) Com base em seus conhecimentos de História, explique por que o movimento em questão é chamado de "Tea Party"?
d) Explique o conceito de liberdade que está por trás desse movimento.  
e) Em sua opinião, o Tea Party é um movimento de caráter liberal? Justifique.

Atividade extraída do livro: História Geral e do Brasil. Dorigo e Vicentino. V. 2. Editora Scipione. p.  154

Para maiores informações sobre esse movimento leia os textos abaixo.

Obs. É importante você ficar atento aos sites onde originalmente foram publicados esses artigos. 


Tuesday, August 09, 2011


O movimento Tea Party

Rodrigo Constantino, O GLOBO


“Somente no bizarro mundo de Washington a responsabilidade fiscal pode ser definida como terrorismo.” (Michele Bachmann)



A imagem do movimento Tea Party é bastante caricatural por aqui. Pinta-se um quadro de fanáticos reacionários que querem preservar o lucro dos milionários em detrimento do leite das crianças carentes e da aposentadoria dos pobres velhinhos. Pretendo apresentar uma visão diferente.

Comecemos pelo nome: ele se inspira na “Festa do Chá” em Boston, marco da Independência Americana. Os colonos, cansados de impostos arbitrários da Coroa inglesa, revoltaram-se. E quem pode negar que a Casa Branca hoje pratica exagerada intervenção na vida dos americanos? Vamos condenar o Tea Party por lutar por maior independência em relação a Washington?
Os “progressistas” gostam de monopolizar fins nobres: somente eles querem melhores condições de vida para os mais pobres. Mas o debate deve girar em torno dos melhores meios para tais fins. Foi justamente em períodos de reduzida intervenção estatal que houve mais prosperidade geral. Taxar os ricos e usar o governo para transferir renda pode conquistar votos, mas nunca ajudou os pobres de fato. Serviu apenas para afugentar investimentos e inchar governos corruptos.
O Tea Party carrega em seu DNA um viés libertário, que desconfia do governo “altruísta”. O discurso messiânico que elegeu Obama incomoda, e com razão: foram “messias salvadores” os que mais atrocidades praticaram em nome do “bem”. As medidas de Obama mostram sua visão ideológica. É clara a sua intenção de socializar setores importantes da economia e concentrar no governo mais poder ainda. O Tea Party veio dizer “basta”.
Há oportunistas e fundamentalistas malucos no Tea Party, sem dúvida. Mas reduzir o Tea Party a uma Sarah Palin é utilizar de má-fé. Vários aderiram ao movimento de forma consciente, cansados de um governo à beira da bancarrota, que acredita que a saída para todos os males é aumentar o gasto público e os impostos.
O Tea Party trouxe para o debate uma visão alternativa de sociedade. O que está em jogo é decidir se os Estados Unidos continuam no rumo atual, aquele adotado pelos países europeus que levou a um Estado social falido; ou se buscam resgatar o “sonho americano” original, que fez com que a nação se tornasse o colosso que é hoje. Os pilares deste modelo são: meritocracia, igualdade perante as leis, governo limitado e ampla liberdade individual.
Estes pilares estão fragilizados. Em cada nova crise, a “solução” foi aumentar os estímulos fiscais e monetários, criando novas bolhas insustentáveis. A conta precisa ser paga e os tentáculos do Leviatã estatal precisam ser reduzidos. O Tea Party chegou para mostrar esta realidade. Não é possível crescer de forma sustentável por meio de mais gastos públicos e crédito sem lastro. A despeito do que pensam os keynesianos como Paul Krugman, não se brinca impunemente com as leis econômicas.
O embate sobre o aumento do teto do endividamento expôs a polaridade: de um lado, aqueles que desejam um cheque em branco para o governo gastar à vontade; do outro, os que cansaram de viver uma ilusão e rejeitam o modelo europeu de sociedade. Não resta dúvida de que houve oportunismo político de ambos os lados. Mas erra quem acusa o Tea Party de irresponsável. O ápice da falta de responsabilidade é gastar mais do que arrecada indefinidamente.
Qual a função de um teto de endividamento que vive sendo elevado? Seria como uma meta de limite de peso que sempre acaba ignorada. Em vez de o sujeito entrar em dieta rigorosa ou praticar exercícios, ele apenas joga a meta para cima. Parece natural supor que o resultado desta postura negligente será a obesidade. 
O governo americano está obeso. Ele possui US$ 14,3 trilhões em dívidas, quase 100% do PIB. E não está satisfeito! O Tea Party resolveu jogar duro para reverter este quadro. Pode-se acusar o movimento de intransigente, mas é preciso reconhecer que, não fosse isso, dificilmente o curso teria se alterado, ainda que timidamente. Foi uma conquista, apesar de insuficiente para evitar o rebaixamento do “rating” pela agência de risco Standard & Poor’s. 
Uma ala minoritária, mesmo dentro dos republicanos, foi capaz de colocar em pauta o debate inadiável sobre a trajetória explosiva dos gastos públicos. Sua força obrigou o presidente Obama a recuar e abandonar parte de sua agenda socializante. É um começo, uma brisa que sopra na direção certa. Mérito do Tea Party, cujas qualidades deveriam servir de exemplo para a sonolenta oposição brasileira.
Fonte: http://rodrigoconstantino.blogspot.com.br/2011/08/o-movimento-tea-party.html
Acesso: 26/07/2012
05/02/2010 - 08h59

Movimento "Tea Party" busca inspirar Partido Republicano

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ANDREA MURTA
enviada especial da Folha de S. Paulo a Nashville (EUA)

Quando perdeu seu emprego em uma empresa do ramo audiovisual em agosto último, a americana Kathy Boatman, 47, viu um lado positivo: poderia ajudar a impedir a "tomada socialista" que crê que o presidente Barack Obama planeja para o país. E a autointitulada "teapublicana" --republicana militante do movimento conservador "Tea Party"- já tem o caminho para isso: "limpar" o partido de oposição nos EUA dos moderados.
Com esse objetivo, Boatman deixou ontem o subúrbio de Phoenix (Arizona) onde vive e chegou a Nashville (Tennessee) para participar da primeira Convenção Nacional do Movimento "Tea Party" --o nome é referência à Festa do Chá de Boston, protesto antitaxação no século 18. O evento começou ontem e vai até sábado.
"Há muita gente desencantada com os partidos", disse ela à Folha. "Mas vamos trabalhar de dentro do Partido Republicano para trazer de volta os valores conservadores. Queremos respeito à Constituição, governo limitado, responsabilidade fiscal e pessoal."
Sua receita, porém, está longe da unanimidade. Entre as florestas artificiais e o luxo desavergonhado do hotel que sedia a convenção, repórteres e participantes do movimento não param de discutir este que promete ser o maior dilema da oposição: o "Tea Party", que vem se tornando a mais ruidosa oposição ao governo Obama, ajudará o Partido Republicano ou o afundará de vez?
"A base republicana é formada por conservadores, mas essa não é a fórmula para ganhar eleições", disse à Folha o analista político Thomas Mann, do Instituto Brookings. E enquanto o movimento já é mais bem avaliado do que os partidos Republicano e Democrata, o Instituto Pew de Pesquisas alerta que, historicamente, independentes e indecisos --que poderão fazer a diferença nas eleições legislativas de novembro-- são atraídos pelo centro e não por extremistas.
Boa parte dos ativistas, porém, prefere ignorar as tendências. Jeffrey McQueen é um deles. Como Boatman, ele perdeu o emprego em 2009 e passou a apoiar a rede de conservadores.
"Sempre tivemos esse campo de batalha com republicanos de um lado e democratas do outro", disse ele à Folha. "O movimento "Tea Party" chega para reunificar o país. As lideranças estão apavoradas porque as pessoas estão começando a pensar como americanos em vez de republicanos ou democratas pela primeira vez."
Apavorado ou não, o Partido Republicano já deu mostras abertas de cisma. No dia 29, a proposta de defensores do "Tea Party" de criar um teste para a "pureza" dos políticos do partido provocou discussões ásperas em encontro do partido.
Pela proposta do republicano James Bopp, quem não concordasse com ao menos 8 de 10 mantras conservadores (como direito de portar armas e oposição ao casamento gay) não teria apoio financeiro da legenda.
Ao final, um texto mais leve foi aprovado. Não haverá teste de dez pontos, mas comitês deverão examinar histórico de votos de candidatos antes de oferecerem financiamento.
Observação: a publicidade que se encontra nesse artigo é originária do site de origem do mesmo.

Estudo nos EUA revela características culturais do Tea Party
Autoritarismo, liberalismo, medo de mudanças e rejeição à imigração são as quatro características com as quais um novo estudo define os simpatizantes do movimento conservador americano Tea Party. A pesquisa, apresentada nesta segunda-feira durante a reunião anual da Associação Americana de Sociologia realizada em Las Vegas (Nevada), indica que o Tea Party pode ser considerado uma expressão cultural do conservadorismo do final do século XX.
Assim resumiu o professor associado de sociologia na Universidade da Carolina do Norte, Andrew Perrin, autor do estudo "Cultures of the Tea Party". As conclusões se baseiam em duas pesquisas feitas por telefone realizadas com mais de quatro mil eleitores registrados na Carolina do Norte e Tennessee, dois estados conservadores nos quais 46% dos consultados se mostraram a favor do Tea Party.
As entrevistas foram feitas entre 30 de maio e 3 de junho e entre 29 de setembro e 3 outubro de 2010, antes das eleições legislativas que aconteceram em novembro. Além disso, um conjunto de entrevistas foi realizado durante a manifestação que o grupo conservador realizou no mesmo ano na capital americana.
Os pesquisadores descobriram que 81% das pessoas que se mostraram favoráveis ao Tea Party consideraram que a obediência das crianças é mais importante do que a criatividade e a autoridade é um valor fundamental. Entre os não simpatizantes, 65% concordaram com essas visões.
O medo da mudança foi outra das características manifestadas pelos entrevistados simpáticos ao movimento conservador, assim como as respostas negativas sobre os imigrantes e a imigração. Entre os consultados, 51% dos que manifestaram estar "muito preocupados" com as mudanças na sociedade americana eram simpatizantes do movimento, contra 21% dos demais.
O autor do estudo explicou que o Tea Party foi descrito como uma rebelião da parte mais conservadora do país e inclusive como um grupo racista contra o presidente, Barack Obama, entre outros qualificativos, que levaram o grupo de pesquisadores a analisar as bases culturais do movimento. Assim, o estudo apontou que o Tea Party conseguiu juntar diferentes correntes conservadoras apelando a aspectos culturais tirados da história e do uso "teatral" da linguagem e algumas imagens




Tea Party e a reação conservadora

Movimento do Partido Republicano pode levar EUA a retomar políticas mais radicais no Congresso

01 de novembro de 2010 | 20h 31

SÃO PAULO - O movimento Tea Party, corrente radical ligada ao Partido Republicano, ganhou mais espaço na política americana nos últimos meses, emplacando candidatos para concorrer a lugares no Congresso de Washington. Embora a representatividade desse bloco ainda seja pequena, analistas ouvidos pelo estadão.com.br acreditam que o grupo possa levar os EUA a retomar políticas conservadoras.
Thomas Mann, analista do Brookings Institute, explica que a maioria dos adeptos do Tea Party são conservadores que têm suas posições mais extremistas apoiadas pelo partido. "Eles pregam um governo limitado, e a visão desses políticos é mais radical em relação à imigração e à religião", diz.

Para Robert Sean Purdy, professor de História dos Estados Unidos da Universidade de São Paulo (USP), o crescimento do movimento Tea Party se dá por conta da falta de alternativas às políticas do presidente Barack Obama. "O clima mudou muito nos dois anos. Antes, havia uma oferta de política nova, mas, pela falta de alternativas, a direita passou a dominar o cenário, com propostas que há dez anos seriam consideradas loucas: contra imigrantes e mesquitas, por exemplo. É uma situação diferente", analisa.
Nesta terça-feira, 2, os eleitores americanos vão renovar um terço do Senado, toda a Câmara e escolher novos governadores em 37 Estados. As pesquisas de intenção de voto dão vitória para candidatos republicanos em várias Unidades da Federação e circunscrições.
Mann afirma não acreditar que o Tea Party vá constituir uma grande força política no Congresso americano, mas mesmo assim será um bloco com voz entre os parlamentares. "O movimento é incipiente e bastante descentralizado, mas sua associação com os republicanos vai transformá-lo em uma minoria significante", avalia.
Purdy, por sua vez, crê que a corrente conservadora vai se fortalecer. "É importante ressaltar que os políticos tradicionais do Partido Republicano, que não têm vínculos formais com o Tea Party, estão mudando políticas para se aproveitar do movimento. Esses candidatos estão preenchendo o vácuo político que o governo deixou", completou.

EUA

“Tea Party”, o novo protagonista político americano

Entenda quem são, de onde vêm e para onde vão esses ultraconservadores

Com apenas um ano de vida, o Tea Party, ala ultraconservadora da direita americana, aproveitou um momento em baixa do presidente Barack Obama para alcançar uma parte da população que só precisava de um empurrão para se rebelar e ganhou nas primárias. Com isso, subiu no salto alto. A vitoriosa Christine O'Donnell, que nesta quarta-feira desbancou colegas partidários experientes, como Mike Castle, deu o recado em nome dos radicais em seu discurso de vitória: “Aceito, mas não preciso”. Ela se referia a ter o apoio dos grandes nomes republicanos. O recado foi forte, mas revela a relevância desse gurpo no cenário político atual do país. Afinal, de onde vêm, quem são e para onde vão esses conservadores?
O movimento Tea Party foi criado em fevereiro do ano passado. Com ajuda das redes sociais, teve um resultado quase imediato – alcançou pessoas simples, que não entendem muito de política, mas não se sentem representadas pelo governo, não gostam de como as coisas estão se saindo e só precisavam ser encorajadas. O chamado decisivo veio em fevereiro de 2009, quando o apresentador de televisão Rick Santelli, da rede CNBC, falou exatamente o que esse público queria ouvir. Durante seu programa, Santelli disse: "Esta é a América! Quantos de vocês estão dispostos a pagar a hipoteca do vizinho que tem um banheiro extra e agora não pode pagar as contas?". Ele sugeriu, então, que fizessem um “Chicago Tea Party”. A ideia unia a cidade onde Obama morava e o episódio da história americana, conhecido como Tea Party, que batizou movimento.
O discurso inflamado do apresentador virou hit no Youtube, chegou ao Twitter, ao Facebook, à ala radical do partido Republicano e o movimento nasceu. Em algumas semanas, protestos intitulados Tea Party surgiram pelo país. Em 15 de abril de 2009, os militantes fizeram manifestações em 750 cidades aproveitando o Tax Day, Dia do Imposto - último dia em que os contribuintes podem declarar seus bens para o cálculo do Imposto de Renda. Na ocasião, em frente à Casa Branca, manifestantes jogaram caixas de chá pelo portão.
Em 12 de setembro, uma multidão de 100.000 pessoas foi mobilizada em uma marcha em Washington, considerada o maior protesto contra Obama até agora. “O Tea Party não representa a opinião do partido, nem da opinião pública, que é muito mais ampla do que isso”, disse ao site de VEJA o cientista político da Universidade de Columbia, Robert Erikson. “Geralmente, fenômenos como esse acontecem em uma situação de fraqueza do opositor, como é o caso de Obama agora. Mas esses movimentos não duram muito, são abafados no partido e não passam das primárias. Eles não representam o que pensa a sociedade americana.”


História - Em 16 de dezembro de 1773, um grupo de colonos americanos, ainda sob o comando da coroa inglesa, se revoltou contra as altas taxas de impostos cobradas pelos colonizadores sobre a comercialização do chá inglês. Vestidos de índios, invadiram os navios carregados de chá e jogaram toda a mercadoria no mar. O dia ficou conhecido como “Festa do Chá”, Tea Party. Três anos depois, as 13 colônias seriam declaradas independentes e formariam os Estados Unidos da América.



segunda-feira, 23 de julho de 2012

terça-feira, 17 de julho de 2012

"A vida e a arte" Gabriel G. Márquez e o Alzheimer


Em busca da memória de Gabriel García Márquez

Atualizado em  7 de julho, 2012 - 11:05 (Brasília) 14:05 GMT
Gabriel García Márquez e sua esposa, Mercedes. | Foto: AFP
A família do escritor confirmou que ele sofre de demência senil
O fato de que Gabriel García Márquez está perdendo a memória era, até a última sexta-feira, uma espécie de segredo na Colômbia, onde o assunto dificilmente se discutia em voz alta por respeito à privacidade do escritor de 85 anos de idade.
No entanto, seu irmão Jaime admitiu publicamente neste sábado que o autor de "Cem anos de solidão" e "Amor nos tempos do cólera" sofre há muitos anos de demência senil. A notícia rapidamente deu a volta no mundo.
A demência é uma doença degenerativa que se traduz em uma perda progressiva da memória e da capacidade de pensar com clareza, além de também poder provocar mudanças de humor e personalidade.
Estes problemas cognitivos podem afetar qualquer uma das funções cerebrais - além da memória -, incluindo a linguagem e a capacidade de atenção.
Segundo Jaime García Márquez, a doença é bastante comum na família do vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1982.
A revelação aconteceu durante um encontro com estudantes da Espanha e da América Latina, que quiseram aproveitar sua passagem por Cartagena para ouvir as histórias do irmão mais novo de "Gabo".
E ele terminou contando que quase todos os dias fala por telefone com o escritor, que vive no México, para ajudá-lo a enfrentar a luta contra o esquecimento.
"Fiquei encarregado desta missão, que é um privilégio e, ao mesmo tempo, é muito dolorosa. Às vezes choro, porque sinto que me escapa das mãos", confessou Jaime García Márquez.
"Mas ainda temos ele, podemos falar com ele com muita alegria e com muito entusiasmo, como sempre foi."

Lembranças

O que já não será possível ter, segundo o irmão de García Márquez, são novas obras do escritor.
A doença, que o está mantendo afastado do público e da Colômbia, também dificultou a comunicação entre ele e alguns de seus amigos, especialmente os que estão mais afastados geograficamente.
"Em certo momento, eu me comunicava muito com ele por telefone, falávamos quase todas as semanas. Mas, a partir de determinada época, deixou de ligar e eu não quis incomodá-lo", disse à BBC o também escritor Plinio Apuleyo Mendoza.
Gabriel García Márquez. | Foto: AP
Um dos personagens de Cem Anos de Solidão, obra-prima do escritor, sofre da mesma doença
"Seu filho, meu afilhado, me disse que ele não reconhece bem as pessoas por telefone, só pessoalmente. E Mercedes (sua esposa) diz: 'Ele está tomando banho' ou 'está dormindo', qualquer desculpa. Não insisto em falar com ele, porque percebi que o coloco em uma situação ruim."
No entanto, a amizade de anos dos escritores transformou Mendoza em um grande depósito das lembranças de Gabo.
Das conversas dos dois nasceram os livros "Cheiro de goiaba" e "Aqueles tempos com Gabo", ambos de Plinio Mendoza.

Preservadas nos livros

De qualquer forma, as memórias de Gabriel García Márquez também são abundantes em sua própria obra literária.
Segundo Mendoza, um exemplo disso é o livro "Ninguém escreve ao coronel".
"Era a época do Gabo pobre. Como o ditador Rojas Pinilla proibiu El Espectador, o jornal para o qual ele era correspondente em Paris, ele teve que viver situações muito duras", disse o escritor, que nessa época era vizinho de Gabo em Paris.
"Ele sempre estava esperando algum dinheiro, algum pagamento, algum cheque. E ele passou isso para seu coronel, que sempre está esperando algo. Há muitos elementos baseados em suas próprias vivências que ele colocou em seus personagens."
A senilidade também é um tema muito presente na obra considerada por muitos como a mais importante do escritor colombiano, "Cem anos de solidão".
Não é exatamente uma lembrança, mas talvez ao saber que a demência senil acontecia na família, Gabo decidiu se adiantar à sua própria memória.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Uma dica (Boletim de História)

Dica publicada no Boletim de História do professor Ricardo Faria


VALE A PENA LER

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O ensino de História e a construção da identidade nacional brasileira na Era Vargas (1930-1945) – Márcio Fagundes Alves;
Formação de professores de história: sujeitos de saberes e conhecimentos – Valéria Alves Guimarães;
Sentidos do passado: o ensino da história nacional nas galerias do Museu Mariano Procópio – Carina Martins Costa e Robert Daibert Junior;
Arquivos, memória e história local – a experiência educativa do Arquivo Histórico de Juiz de Fora – Elione Silva Guimarães;
“Hoje tem aula de leitura de imagem?” Cultura Visual e Ensino de História – Anderson Ferrari;
Admirável mundo novo (?) As tic e o ensino de história – Rosilãna Aparecida Dias.
Estes são os temas e os autores dos capítulos que compõem este belo livro recentemente editado em Juiz de Fora pela Secretaria de Educação daquele município.
São seis capítulos que se interpenetram, oferecendo um painel bem amplo para os professores de História e os estudantes também. Desde o histórico da utilização da História para se tentar construir a identidade nacional, que, evidentemente, não se limitou à Era Vargas, mas que teve nela seu primeiro e claro objetivo, passando pela identificação dos saberes e conhecimentos que os professores mobilizam no espaço escolar, e chegando aos museus, entendidos como instrumentos pedagógicos ainda pouco utilizados. Também a utilização dos Arquivos pode contribuir para dinamizar o ensino da história, da mesma forma que as imagens e as tecnologias de informação e comunicação.
Recomendo. Vale a pena ler e refletir!
O melhor de tudo: o livro é grátis, conforme nos diz o autor:
“não há venda, mas doação, pois foi financiado pelo Fundo de Apoio à Pesquisa da Educação Básica, política de fomento à formação de professores da Secretaria de Educação da Prefeitura de Juiz de Fora. Caso alguém tenha interesse, entre em contato pelo meu e-mail – fagundes18@yahoo.com.br  - que posso enviar a obra.”
Eu já solicitei o meu.