Vida de professor da rede pública

Súplica Cearense

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009


Tempo e calendário
Luciane Cristina Miranda de Jesus*Especial para a página 3 Pedagogia & Comunicação
Objetivos
1) Questionamento com relação à subjetividade do "passar do tempo", relacionando-o com atividades prazerosas e não prazerosas;
2) Desenvolvimento da percepção de diferentes tempos: psicológico, biológico, e astronômico para a construção do tempo histórico;
3) Identificar as maneiras de representação da passagem do tempo;
4) Conhecer a historicidade do calendário utilizado atualmente e estabelecer relações de permanência e mudança entre as diferentes temporalidades (passado e presente), uma vez que várias tradições culturais de outros tempos permanecem vivas no presente.
Ponto de Partida
1) Ler o texto Calendário, no final da postagem.
Justificativa
Desenvolver no aluno a noção de tempo histórico não é somente limitá-lo ao desenvolvimento do tempo cronológico referente à localização de datas, séculos e à periodização. Exige-se uma reflexão cuidadosa por parte do historiador em mostrar ao aluno que a própria forma de contarmos o tempo em nossa sociedade é histórica, ou seja, é fruto de uma determinada cultura ao estabelecer uma interação entre o tempo da natureza e o tempo dos homens na organização da vida social.
Estratégias
1) Para que possamos desenvolver nos nossos alunos a noção de tempo histórico, devemos primeiramente despertar noções que a antecedem. Para isso, se faz necessário introduzir questões que agucem a percepção da passagem do tempo de variadas formas. Portanto, o professor deverá lançar questões problematizadoras em torno do tempo (psicológico, biológico e atronômico), elaborando perguntas que abordem situações vivenciadas no cotidiano dos alunos. Exemplos:
O que demora mais para passar: cinco minutos no recreio da escola ou cinco minutos na cadeira de um dentista?
O crescimento dos seus cabelos, das suas unhas é uma forma de perceber a passagem do tempo?
As diversas fases pelas quais a Lua passa também é uma maneira de perceber a passagem do tempo?
2) Uma vez realizada a proposta acima, os alunos estarão aptos para entender e desenvolverm a noção de tempo histórico. Dessa forma, o professor poderá solicitar aos alunos que façam a leitura silenciosa e individualmente do texto intitulado "Calendário". Paralelamente à leitura, peça que destaquem com uma caneta marca-texto as palavras desconhecidas.
3) O professor poderá montar uma caixa pedagógica com dicionários específicos da disciplina de História, ou então com dicionários da própria Língua Portuguesa e levá-los para a sala de aula, pondo-os à disposição dos grupos para o momento de consulta.
4) Solicite aos alunos que se organizem em pequenos grupos e realizem um glossário das palavras que até então eram desconhecidas. Oriente os grupos a registrar neste glossário somente o significado mais adequado ao texto que está sendo objeto de reflexão.
5) Agora, analisando sob o ponto de vista da noção de tempo histórico, o professor poderá pedir a seus alunos que apontem no texto uma situação ocorrida no passado e que permanece viva no nosso presente. O próprio tema do texto leva à resposta correta. Portanto, pretende-se mostrar que a mensuração do tempo da qual somos herdeiros possui uma historicidade dotada de permanências e mudanças, revelando que a medida do tempo é uma convenção criada pelo homem na sua relação com a natureza, com o seu modo de vida e sua concepção de mundo.
*Luciane Cristina Miranda de Jesus é formada em história pela Universidade de São Paulo e professora dessa disciplina na rede particular de ensino do Estado de São Paulo.
Calendário
Calendário juliano, calendário gregoriano e ano bissexto
Antonio Carlos Olivieri*Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Você já se perguntou o que é o tempo? Para lhe dar uma resposta, pode-se citar Albert Einstein, que afirmou que o tempo, como é conhecido, não passa de uma "invenção".Segundo o célebre cientista, "espaço e tempo são modos pelos quais o homem pensa o mundo, e não condições sob as quais ele vive". Nesse sentido, formas e fórmulas para contar o tempo são também invenções humanas, que variaram geográfica e historicamente.
Civilizações tão distantes no tempo e no espaço como a egípcia e a asteca, por exemplo, tinham naturalmente calendários diferentes, embora baseados no movimento do Sol, da Lua, nas estações do ano, na alternância entre os dias e as noites. Entre os muitos modos que as várias civilizações empregaram para contar o tempo, destaca-se o que hoje é oficial na maioria dos países do mundo.
Nosso calendário é essencialmente uma invenção dos antigos romanos. O historiador latino Tito Lívio (c. 59 a.C.-17 d.C.) atribui ao segundo rei de Roma, Numa Pompílio (715-672 a.C), sucessor de Rômulo, aquele que foi amamentado por uma loba, a criação de um calendário com a duração de 12 meses, que podiam variar entre 31 e 29 dias.
Mercedonius: um mês extra
Na "folhinha" de Numa, o ano consistia de 355 dias, dez a menos que o ano solar (cuja duração coincide com a translação da Terra em torno do Sol). Para compensar a diferença, a cada dois anos se adicionava um mês extraordinário, o Mercedonius, de 22 ou 23 dias. O primeiro mês do ano era Martius (março), dedicado a Marte, o deus da guerra.Seguia-se Aprilis (abril), dedicado a Vênus. O nome, porém, deriva do verbo latino aprire, abrir, e o que se abria, no caso, era a natureza, pois este mês marca o início da primavera no hemisfério norte. Depois, vinham Maius (maio) e Junius (junho), oferecidos respectivamente às deusas Maia e Juno.
Os meses subseqüentes recebiam o nome de Quintilis e Sextilis, pois eram o quinto e o sexto mês, mas tiveram seus nomes mudados para homenagear os imperadores Júlio César (100-44 a.C.) e Augusto (63 a.C.-14 d.C.). Daí vêm Julius (julho) e Augustus (agosto).
Os meses seguintes voltavam a ser contados de modo numérico, do sétimo ao décimo: September (setembro), October (outubro), November (novembro) e December (dezembro). Só então vinham Januarius (janeiro), dedicado ao deus Janus, e Februarius (fevereiro), que se origina de Februa, uma festividade romana.
Erros de cálculo
Os sacerdotes eram os responsáveis pela administração do calendário na Roma republicana (509-31 a.C.), mas o faziam sem muito zelo, de modo que os erros - intencionais ou involuntários - não tardaram a gerar uma defasagem em relação ao ano solar, que girou em média cerca de três meses, relativamente à passagem das estações. Os meses de inverno passaram a avançar sobre a primavera e assim por diante, até que Júlio César resolveu pôr ordem nas coisas, em 46 a.C.
Ao invadir o Egito, César chamou o astrônomo Sosígenes de Alexandria - personagem histórico sobre o qual há pouquíssimas referências -, e encomendou-lhe a criação de um calendário mais funcional. Queria organizar o tempo para que a história de suas conquistas fosse devidamente registrada e também para estabelecer um calendário civil coincidente com o solar.
O ano foi dividido em 365 dias e as seis horas da translação que não entravam nas contas foram reunidas em um dia a ser acrescentado ao mês de fevereiro de quatro em quatro anos (6h X 4 = 24h).
Esses anos passaram a ser chamados de bissextos (bisextiles), pois considerava-se que o dia 24 ou 25 de fevereiro acontecia duas vezes (isto é, tinha um bis) e tratava-se do sexto dia anterior à calenda de março. "Calenda" era o nome do primeiro dia de cada mês latino. E é dessa palavra, claro, que se origina o termo calendário.
O calendário juliano e o ano da confusão
O calendário dito juliano entrou em vigor em 46 a.C. mesmo. Porém, para se acertarem as contas desde a lendária fundação de Roma, em 753 a.C., aquele ano precisou ser totalmente atípico, contando com 432 dias. Com isso, o novo mês de janeiro teria se sobreposto ao mês de março na contagem anterior, mudando a ordem dos meses para a atual.
Confuso? Pois saiba que o ano de 46 a.C. entrou para a história como "o ano da confusão". Para piorar, algumas das regras estabelecidas por Sosígenes foram mal interpretadas e o imperador Augusto foi forçado a proceder correções em 8 a.C. - aproveitando para dedicar um mês em sua homenagem. Embora se intercalassem os meses de 30 e 31 dias, agosto ficou igual a julho, para não haver diferenças entre os imperadores homenageados.
De qualquer modo, somente cerca de 1,6 mil anos depois uma nova reforma do calendário foi necessária para, mais uma vez, fazer coincidir o ano civil com o ano solar. O ajuste foi formulado por uma comissão de estudiosos, a mando do papa Gregório 13 (1502-1585), de onde o nome de calendário gregoriano.As novidades desse calendário são: 1) que os anos divisíveis por 100 não são bissextos; um século dura 36.542 dias, de modo que a duração média dos anos quase corresponde à translação da Terra; 2) os anos divisíveis por 400, como 1600 e 2000, são bissextos, de modo que os anos se estendem geralmente por 365 dias, 5h, 49 minutos e 12 segundos, um tempo quase idêntico ao do ano solar (365 dias, 5h, 48m, 46s).
Calendário gregoriano
O calendário gregoriano só precisa de uma alteração para se ajustar ao ano solar a cada 3 mil anos. Foi adotado a 15 de outubro de 1582 em todos os países católicos. Os protestantes demoraram um pouco mais a aderir, uma vez que não aceitavam a interferência do papa.
A Inglaterra, por exemplo, só passou a segui-lo a partir de 1752. Da mesma maneira, nos países onde vigora o cristianismo ortodoxo, como a Rússia, o calendário juliano continuou a valer até as primeiras décadas do século 20.
É interessante lembrar que a Revolução Francesa criou um novo calendário que vigorou na França entre 1792 e 1805, quando o gregoriano voltou a ser adotado. Também não se deve esquecer que os calendários religiosos judaico e islâmico diferem essencialmente do gregoriano por não tomarem o nascimento de Cristo como referência para a contagem do tempo.Hoje em dia, porém, o calendário gregoriano é convencionalmente adotado para demarcar o ano civil no mundo inteiro. Essa unificação decorre da praticidade, bem como do fato de a Europa ter, historicamente, exportado seus padrões para o resto do globo.
Ano bissexto
Eles se repetem a cada 4 anos
Carlos Alberto Campagner*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A cada quatro anos, o mês de fevereiro tem 29 dias, em vez de 28, como ocorre nos três anos anteriores. Por que isso acontece? A resposta é um misto de aula de matemática e de história.
O ano é o tempo que demora para a Terra dar uma volta em torno do Sol: 365 dias e aproximadamente seis horas. Mas, como você pode perceber, no calendário os anos têm 365 dias exatos (e não 365 dias e 6 horas!).
Essas horas são acumuladas e, a cada quatro anos, acumulam 24 horas - isto é, um dia! Sem esse ajuste, o calendário iria ficando, com o passar dos anos, defasado - e o dia em que se comemora o início da primavera, por exemplo, poderia passar a não coincidir com o evento comemorado.
Como calcular um ano bissexto
Se o ano não termina em 00, ele é bissexto caso seja divisível por 4. Exemplos: 1988, 1992, 1996, 2004, e assim por diante.
Nota: Um número é divisível por 4 se a sua dezena (1988 = 88) é divisível por 4.
Como o tempo que a Terra leva para dar a volta em torno do Sol é estimado em aproximadamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos, essa pequena diferença de menos de 12 minutos poderia provocar erros a cada cerca de 120 anos.
Logo, a regra para os anos terminados em 00 é:
O ano terminado em 00 será bissexto se for divisível por 400. Veja a tabela:
1500 Não bissexto
1600 Bissexto
1700 Não bissexto
1800 Não bissexto
1900 Não bissexto
2000 Bissexto
2100 Não bissexto
Essa diferença de 46 segundos pode provocar novas revisões no calendário. Mas a revisão só ocorrerá depois do ano 3000. Os astrônomos têm corrigido os relógios mundiais em 1 segundo em algumas passagens de ano, o que poderá dispensar tal revisão.
Essas correções são necessárias, por exemplo, nos sistemas de posicionamento global (GPS), em relógios atômicos, etc.

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