Vida de professor da rede pública

Súplica Cearense

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

BANDEIRANTES: HERÓIS OU VILÕES

Desmitificando os bandeirantes
Luciane Cristina Miranda de Jesus*Especial para a página 3 Pedagogia & Comunicação
Ponto de Partida
1) Ler o primeiro e o terceiro itens do texto Entradas e Bandeiras - Bandeirantes expandiram limites do Brasil.
2) Ler o texto Bandeirantes - Heróis ou vilões? A construção do mito.
Justificativa
A capital paulista, vários municípios da região metropolitana de São Paulo e até mesmo várias outras cidades não só do interior paulista, mas também do interior do Brasil, foram no passado caminhos abertos pelos bandeirantes, em um Brasil inóspito, que se tornaria gigante pela natureza desbravadora e destemida destes bandeirantes, que ora aparecem como vilões e outrora como heróis.
Diante desses juízos de valor é fundamental que os alunos tenham conhecimento sobre a construção da memória mitificada dos bandeirantes paulistas e entendam as intenções dessa construção levando-se em consideração os vários sujeitos históricos envolvidos na preservação dessa memória.
Objetivos
1) Distinguir entre as expedições chamadas de Entradas e de Bandeiras ocorridas durante os primeiros séculos do período colonial brasileiro;
2) Refletir sobre o contexto histórico em que a memória em torno dos bandeirantes passa a ser construída com o intuito de mostrar o passado heróico do Estado de São Paulo.
Estratégias
1) Ao iniciar o estudo sobre os bandeirantes, é importante que o professor faça uma sondagem com os alunos a respeito do assunto. Faça uma tabela na lousa com duas colunas, sendo uma para o conceito de Entradas e outra para o conceito de Bandeiras. Peça aos alunos que verbalizem o que entendem por cada uma dessas nomenclaturas e paralelamente garanta o registro na lousa e os alunos no caderno, para posterior consulta.
2) Apresente aos alunos o primeiro item do texto Entradas e Bandeiras - Bandeirantes expandiram limites do Brasil e aleatoriamente escolha um dos seus alunos para realizar a leitura para toda a classe.
3) Em seguida, após a leitura do conceito de Entradas e de Bandeiras, peça para os alunos consultarem seus registros no caderno e verificarem se alguma conceituação se aproxima da qual foi dada pela historiografia.
4) Agora, apresente os motivos que levaram inúmeros homens a se organizarem nessas expedições desbravadoras não só para o interior, mas também para o litoral. A leitura do terceiro item do texto Entradas e Bandeiras - Bandeirantes expandiram limites do Brasil, cujo subtítulo é "São Vicente e São Paulo" demonstra os vários fatores que motivaram as expedições bandeirantes, como a procura de indígenas para apresamento e venda, metais e pedras preciosas.
5) A partir das etapas já trabalhadas, o professor deverá perguntar qual dos dois títulos serviria para dar aos bandeirantes: heróis ou vilões? É bem possível que os alunos devam ficar como último adjetivo. Portanto, esclareça que a memória em torno dos bandeirantes foi construída de forma positiva e não ao contrário. Cabe agora a leitura do texto Bandeirantes - Heróis ou vilões? A construção do mito.
6) A leitura do texto é ótima para elucidar que classe social forjou uma memória de glorificação do passado dos bandeirantes e os motivos pelos quais forjaram. É interessante esclarecer aos alunos que o conhecimento histórico é interpretação e sendo interpretação, está imbuído de subjetividade e ideologia.
7) Para dar sentido à mitificação dos bandeirantes, peça aos alunos para realizarem uma pesquisa sobre os monumentos construídos na cidade de São Paulo que fazem referência a eles. Também peça para elencarem o nome das principais rodovias que cortam a capital paulista, cujos nomes são de bandeirantes.
*Luciane Cristina Miranda de Jesus é formada em história pela Universidade de São Paulo e professora dessa disciplina na rede particular de ensino do Estado de São Paulo.

Entradas e Bandeiras
Bandeirantes expandiram limites do Brasil
Renato Cancian*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Foi a partir do século 17 que as terras do interior do Brasil passaram a ser rotineiramente exploradas. O desbravamento e povoação dessas terras foram iniciados por expedições pioneiras chamadas de Entradas e Bandeiras. As Entradas geralmente eram expedições oficiais, ou seja, foram organizadas pelo governo da autoridade colonial. Já as Bandeiras tinham motivação particular, isto é, eram organizadas por colonos que se estabeleceram nos povoados.Os historiadores ainda hoje debatem sobre a caracterização dos dois tipos de expedições, mas ainda assim aceitam a diferenciação mencionada acima. O mais importante é entender os fatores que ocasionaram a criação das Entradas e das Bandeiras e as mudanças que essas expedições provocaram no processo de colonização do Brasil.
Riquezas e escravos
As Entradas e Bandeiras foram expedições organizadas para explorar o interior com o propósito de procurar riquezas minerais, tais como ouro, prata e pedras preciosas. Objetivavam também caçar e apresar índios para escravizá-los. Não era uma tarefa fácil organizá-las, e muito menos explorar o interior do território colonial. Havia a necessidade do preparo de muitas provisões, como alimentos, armas e instrumentos, que deviam ser transportados por animais e pelos próprios exploradores.
Outra tarefa difícil era reunir homens que estivessem dispostos a penetrar mata adentro e permanecer muitos meses no interior, sem a certeza de que retornariam com vida para seus povoados e do êxito que teriam na descoberta de riquezas ou no enfrentamento e apresamento dos índios.
As Entradas tiveram início logo após a descoberta do Brasil. Em 1504, Américo Vespúcio organizou uma Entrada composta por trinta homens que partiu de Cabo Frio e penetrou no sertão. Martim Afonso de Souza organizou duas Entradas. A primeira foi composta por quatro homens, saiu da Guanabara e permaneceu no interior por cerca de dois meses. A segunda foi composta por cerca de 80 homens e chefiada por Pedro Lobo. Saiu da ilha de Cananéia (no atual estado de São Paulo) e jamais retornou. Após o estabelecimento do Governo-Geral, as Entradas passaram a ser organizadas com maior freqüência, mas restringiram-se a explorar o interior da Bahia e de Minas Gerais.
São Vicente e São Paulo
As Entradas declinaram no início do século 17. As Bandeiras surgiram no início do desse mesmo século e se estenderam por todo o século seguinte. Foi na vila de São Vicente que surgiram as primeiras Bandeiras. O solo dessa região, impróprio para o plantio da cana-de-açúcar, ocasionou o rápido declínio da produção açucareira levando a estagnação econômica dos povoados. Os habitantes da região tiveram que encontrar outra atividade econômica para sobreviver. A alternativa foi a organização das expedições desbravadoras.
A vila de São Paulo também ficou famosa pela organização de expedições bandeirantes. As Bandeiras organizadas pelos habitantes de ambas as vilas dedicaram-se, inicialmente, à caça e apresamento de índios para vendê-los como mão-de-obra escrava aos engenhos produtores de açúcar, situados nos ricos solos do Nordeste brasileiro. Seus alvos principais eram as missões jesuíticas que concentravam grande número de índios em fazendas, para serem pacificados e depois catequizados pelos religiosos da Companhia de Jesus.
O colégio de Piratininga
Foram os jesuítas, liderados pelo padre Nóbrega, que se estabeleceram na região de Piratininga, fundando um pequeno povoado que cresceu e deu origem a vila de São Paulo. Tudo começou com a construção de um colégio e uma casa, que eram locais para catequese dos índios. Com o surgimento das Bandeiras e das atividades de caça e apresamento dos índios, os jesuítas entraram em conflito com os bandeirantes. Na década de 1640, os bandeirantes expulsaram os jesuítas de São Paulo. Muitas missões jesuíticas, além das que se fixaram em Piratininga, foram destruídas pelos bandeirantes.
Com a substituição do índio pelo negro africano no trabalho escravo da grande lavoura, o ciclo do bandeirismo de caça e apresamento dos nativos declinou. Os bandeirantes passaram, então, a se concentrar na exploração de riquezas minerais.
As Bandeiras organizadas pelos habitantes da vila de São Vicente começaram a procura de ouro nos leitos dos rios da região e foram percorrendo a zona litorânea.As Bandeiras organizadas pelos habitantes de São Paulo, com o mesmo propósito, foram motivadas a penetrar no sertão brasileiro, favorecidas pela situação geográfica da vila e pelo curso dos rios da região, que facilitavam a exploração do interior. Mas é importante assinalar que a caça e apresamento de índios não parou por completo, os próprios bandeirantes passaram a utilizar a mão-de-obra indígena para trabalharem nas pequenas lavouras de subsistência e até nas próprias expedições de exploração.
Povoamento e expansão territorial
As expedições bandeirantes tiveram importância crucial para o povoamento, diversificação das atividades econômicas e expansão territorial do Brasil colonial. Ao longo das trilhas percorridas e dos caminhos abertos pelos bandeirantes foram surgindo diversos povoados. As Bandeiras que percorreram o litoral à procura de ouro, partindo de São Vicente, deram origem às vilas de Itanhaém, Iguape, Paranaguá, Laguna e Desterro, entre outras. A penetração no sertão deu origem a vilas e arraiais como Cuiabá, Vila Rica, Diamantina, Sabará e Mariana, entre outras.
As expedições bandeirantes também possibilitaram a descoberta de riquezas minerais como ouro, prata e diamante, metais preciosos que deram origem a um novo ciclo econômico de exploração colonial. O êxito dos bandeirantes, principalmente na descoberta de metais preciosos, fez com que a Coroa portuguesa passasse a financiar muitas expedições com o objetivo de encontrar essas riquezas minerais e explorá-la como alternativa a crise econômica provocada pelo declínio da produção do açúcar.
Enquanto as Entradas respeitavam os limites territoriais fixado pelo Tratado das Tordesilhas, que dividia as terras do continente americano entre Portugal e Espanha, as Bandeiras geralmente ultrapassavam essa fronteira, em direção às regiões Sul, Norte e Centro Oeste. Entre 1580 e 1640, Portugal ficou sob domínio Espanhol. Durante esse período, também conhecido como a união das Coroas ibéricas, a Espanha governou Portugal e todos os seus domínios. Nessa época, os bandeirantes não encontraram resistências quanto a ultrapassar Tordesilhas. Quando Portugal se libertou do jugo espanhol o território colonial brasileiro havia se ampliado significativamente.
Mitos e monumentos
As Bandeiras deram origem a narrativas épicas, mitos e lendas sobre o desbravamento e conquista do sertão brasileiro, que hoje fazem parte do simbolismo regional. Embora tenham sido responsáveis pela escravização e dizimação de inúmeras etnias indígenas e pela destruição de muitas missões jesuíticas, os bandeirantes são retratados como homens heróicos, portadores de coragem, bravura e espírito aventureiro, que penetraram na mata e desbravaram a vastidão do interior até então desconhecido, enfrentaram e dominaram índios, descobriram e exploraram riquezas minerais e fundaram povoados.
Na capital paulista, outrora vila e centro irradiador das expedições bandeirantes, ergueu-se o Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret, um dos mais importantes escultores brasileiros. E bandeirantes famosos como Bartolomeu Bueno da Silva (conhecido como Anhangüera), Antônio Raposo Tavares e Fernão Dias Pais, foram homenageados tendo seus nomes dados a importantes rodovias que percorrem o interior do Estado de São Paulo.



Heróis ou vilões?

A construção do mito

Túlio Vilela*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação


Os bandeirantes, nos quadrinhos de "Piratas do Tietê", obra de Laerte

Durante muito tempo, os bandeirantes foram encarados como "heróis". Eles teriam sido os desbravadores que contribuíram para a construção de nosso país, expandindo nossas fronteiras.Essa imagem heróica acabou dando lugar a outra, oposta: os bandeirantes teriam sido bandidos cruéis e sanguinários, que saqueavam aldeias indígenas, matando crianças, violentando mulheres e escravizando os índios.
Em nossos livros didáticos o bandeirante foi retratado dessas duas formas: ora herói, ora vilão. Ambas as imagens exageram aspectos verdadeiros da vida dos bandeirantes e ignoram outros.
Figuras polêmicas
Os bandeirantes estão entre as figuras mais polêmicas da história do Brasil. A confusão se dá entre a história dos bandeirantes propriamente dita e a construção da memória em torno deles.A imagem que bandeirantes que há os traz calçados com botas de montar, vestidos com calções de veludo e casacas de couro almofadado. É desse modo que eles aparecem em pinturas, ilustrações de livros e até em estátuas.A pesquisa histórica revela uma realidade bastante diferente: a maioria dos bandeirantes andava descalça e com roupas muito simples. Na verdade, todas as imagens que vemos dos bandeirantes foram feitas muito tempo depois da época em que eles viveram.Expedições que geralmente partiam de São Paulo e eram organizadas com o fim de capturar índios e encontrar ouro e pedras preciosas, as bandeiras existiram do século 16 ao 18, enquanto as pinturas mais antigas sobre o tema foram feitas a partir do século 19, sob a ótica idealizadora do Romantismo.
A construção do mito
Outro fator que contribuiu para o mito do herói bandeirante foi a própria transformação de São Paulo em uma metrópole, que ocorreu muito tempo depois da época dos bandeirantes. No período colonial, São Paulo não passava de um povoado isolado com pouco mais de mil habitantes.O crescimento da economia cafeeira contribuiu para que São Paulo crescesse. A região ganhou a fama de "terra do trabalho", de lugar em progresso. As elites paulistas resolveram difundir uma história idealizada, segundo a qual, as raízes desse progresso já existiam na época dos bandeirantes. Os membros da aristocracia do café seriam os descendentes diretos dos "heróicos bandeirantes".Os paulistas, especialmente os membros da elite, traziam "no sangue" a herança dos bandeirantes, homens valentes que não tinham medo de desafios, o que explicaria porque os paulistas eram trabalhadores dedicados e incansáveis.Repare que esse regionalismo está carregado de preconceito em relação aos habitantes de outras partes do Brasil: São Paulo seria uma exceção, terra de riqueza e progresso num país de miséria e atraso; o paulista leva o trabalho a sério enquanto os brasileiros de outros lugares seriam "preguiçosos".

Unicamp (2009 - 1ª Fase)

As primeiras vítimas da Revolução Francesa foram os coelhos. Pelotões armados de paus e foices saíam à cata de coelhos e colocavam armadilhas em desafio às leis de caça. Mas os ataques mais espetaculares foram contra os pombais, castelos em miniatura; dali partiam verdadeiras esquadrilhas contra os grãos dos camponeses, voltando em absoluta segurança para suas fortalezas senhoriais. Os camponeses não estavam dispostos a deixar que sua safra se transformasse em alimento para coelhos e pombos e afirmavam ser a “vontade geral da nação” que a caça fosse destruída. Aos olhos de 1789, matar caça era um ato não só de desespero, mas também de patriotismo, e cumpria uma função simbólica: derrotando privilégios, celebrava-se a
liberdade.
(Adaptado de Simon Schama, Cidadãos: uma crônica da Revolução Francesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, pp. 271-272.)
a) De acordo com o texto, por que os camponeses defendiam a matança de animais?
b) Cite dois privilégios senhoriais eliminados pela Revolução Francesa.
12. Os animais humanizados de Walt Disney serviam à glorificação do estilo de vida americano. Quando os desenhos de Disney já eram famosos no Brasil, o criador de Mickey chegou aqui como um dos embaixadores da Política da Boa Vizinhança. Em 1942, no filme Alô, amigos, um símbolo das piadas brasileiras, o papagaio, vestido de malandro, se transformou no Zé Carioca. A primeira cópia do filme foi apresentada a Getúlio Vargas e sua família, e por eles assistida diversas vezes. Os Estados Unidos esperavam, com a Política da Boa Vizinhança, melhorar o nível de vida dos países da América Latina, dentro do espírito de defesa do livre mercado. O mercado era a melhor arma para combater os riscos do nacionalismo, do fascismo e do comunismo.
(Adaptado de Antonio Pedro Tota, O imperialismo sedutor: a americanização do Brasil na época da Segunda Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, pp. 133-138, 185-186.)



www.museu.ufrgs.br/programacao/index.php?messelec=10&&anoselec=2006
a) De acordo com o texto, de que maneiras os personagens de Walt Disney serviam à política externa norteamericana na época da Segunda Guerra Mundial?

b) Como o governo Vargas se posicionou em relação à Segunda Guerra Mundial?
GABARITO

a) Nesse item o candidato deveria perceber que, segundo o texto, havia mais de uma razão para os camponeses matarem coelhos e pombos: por um lado, os animais destruíam a produção agrícola dos camponeses; por outro, sendo a caça um direito exclusivo da nobreza, a matança desses animais simbolizava uma afronta a um privilégio aristocrático.
b) O candidato poderia mencionar, entre outros, os seguintes privilégios eliminados pela Revolução Francesa: a exclusividade na caça, a cobrança de obrigações feudais pela nobreza, o uso de títulos de nobreza, a exploração do trabalho servil, a existência de tribunais especiais para os nobres, a isenção de impostos, a exclusividade no exercício de altos cargos na administração pública, justiça, exército e Igreja, entre outros.

a) A partir da leitura do texto, o candidato poderia mencionar a importância dos personagens de Walt Disney para: glorificar o estilo de vida americano, fazer a propaganda da Política de Boa Vizinhança e defender o livre mercado como uma forma de combater o nacionalismo, o fascismo e o comunismo.
b) O governo Vargas tentou manter uma política de neutralidade até 1942, quando o Brasil entrou na guerra contra o Eixo, após navios brasileiros terem sido torpedeados por submarinos alemães. Além de enviar tropas da FEB para combaterem na Europa, o governo Vargas também cedeu bases militares localizadas no Nordeste para uso dos aliados.

VOTO DE CABRESTO

Voto de cabresto
Camila Koshiba Gonçalves*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Objetivos
1) Caracterizar o otimismo presente nas camadas urbanas diante da proclamação da República;
2) Caracterizar os processos de permanência da sociedade autoritária e patriarcal durante a 1ª. República;
3) Comparar o cotidiano do campo com as transformações urbanas do final do século 19 e início do 20.
Ponto de partida
1) Ler o item Voto de Cabresto, no texto O coronelismo e a política dos Governadores;
2) Ouvir a anedota Cavando Votos , de Cornélio Pires (Instituto Moreira Salles/Rádio UOL).
Justificativa
O sistema político inaugurado por Campos Sales durante a 1ª. República normalmente é apresentado aos alunos sob uma perspectiva urbana, através dos arranjos entre as oligarquias. No entanto, uma de suas bases de sustentação - o voto de cabresto - é um fenômeno intimamente ligado ao campo e àqueles que podiam ser facilmente "convencidos" pelo coronel, já que viviam em suas terras e dele dependiam para sobreviver.
Caracterizar o cotidiano dos homens que viviam no campo permite uma compreensão mais ampla da sobreposição operada pela "moderna" estrutura política republicana a uma prática de origens coloniais.
Estratégias
1) Resgatar com os alunos os conceitos de República, voto universal secreto e voto universal masculino aberto.
2) Ouvir a anedota de Cornélio Pires, Cavando Votos.
3) Extrair da anedota o otimismo do homem urbano diante da República, o dia-a-dia do caipira, seu sotaque diferenciado, sua simplicidade, e a impossibilidade de desvincular-se do sistema que lhe foi imposto, salvo pelo humor presente na anedota.
4) Compor com os alunos a estrutura da "Política do café-com-leite", incluindo a prática do coronelismo.
5) Debater com os alunos a sobreposição república oligárquica "moderna"- precariedade do universo rural brasileiro.
Sugestões1) Na impossibilidade de reproduzir a gravação da anedota em sala de aula, você encontra sua transcrição abaixo., no final da postagem.
2) Caso ache interessante, os alunos podem fazer uma leitura dramatizada do texto.
República Velha (1889-1894)
Coronelismo e oligarquias
Renato Cancian*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A consolidação do modelo republicano federalista e a ascendência das oligarquias agrárias ao poder fez surgir um dos mais característicos fenômenos sociais e políticos do período: o coronelismo. O fenômeno do coronelismo expressou as particularidades do desenvolvimento social e político do Brasil. Ele foi resultado da coexistência das formas modernas de representação política (o sufrágio universal) e de uma estrutura fundiária arcaica baseada na grande propriedade rural.
O direito de voto estava assegurado pela Constituição, mas o fato da grande maioria dos eleitores habitarem o interior (a população sertaneja e camponesa) e serem muito pouco politizados levou os proprietários agrários a controlar o voto e o processo eleitoral em função de seus interesses.
O "coronel" (geralmente um proprietário de terra) foi a figura chave no processo de controle do voto da população rural. Temido e respeitado, a influência e o poder político do coronel aumentavam a medida em que ele conseguisse assegurar o voto dos eleitores para os seus candidatos. Por meio do emprego da violência e também da barganha (troca de favores), os coronéis forçavam os eleitores a votarem nos candidatos que convinha aos seus interesses.
Voto de cabresto
O controle do voto da população rural pelos coronéis ficou conhecido popularmente como "voto de cabresto". Por meio do voto de cabresto eram eleitos os chefes políticos locais (municipais), regionais (estaduais) e federal (o governo central). A fraude, a corrupção, e o favorecimento permeavam todo o processo eleitoral de modo a deturpar a representação política.
No âmbito municipal os coronéis locais dependiam do governador para obtenção de auxílio financeiro para obras públicas e benfeitorias gerais, daí a necessidade de apoiar e obter votos para os candidatos de determinada facção das oligarquias estaduais.
As oligarquias estaduais também dependiam de votos para conquistarem ou assegurarem seu domínio político, daí a necessidade de barganharem com os coronéis locais. Semelhante condição de dependência política se manifestava nas relações do governo federal com os governos estaduais.
As rivalidades, lutas e conflitos armados entre coronéis de pouca ou grande influência e pertencentes a diferentes oligarquias agrárias eram comuns, fazendo da violência um componente constitutivo e permanente do sistema de dominação política da República Velha.
Um pacto de poder
Sob a presidência de Campos Salles (1898-1902), foi firmado um pacto de poder chamado de Política dos Governadores. Baseava-se num compromisso político entre o governo federal e as oligarquias que governavam os estados tendo por objetivo acabar com a constante instabilidade que caracterizava o sistema político federativo.
A Política dos Governadores estabelecia que os grupos políticos que governavam os estados dariam irrestrito apoio ao presidente da República, em contrapartida o governo federal só reconheceria a vitória nas eleições dos candidatos ao cargo de deputado federal pertencentes aos grupos que o apoiavam.
O governo federal tinha a prerrogativa de conceder o diploma de deputado federal. Mesmo que o candidato fosse vitorioso nas eleições, sem este documento ele não poderia tomar posse e exercer a atividade política. O controle sobre o processo de escolha dos representantes políticos a partir da fraude eleitoral impedia que os grupos de oposição chegassem ao poder.
Candidatos da situação
De modo geral, o governo federal firmava acordos com os grupos políticos que já detinham o poder, e a partir daí diplomava somente os candidatos da situação garantindo-se, desse modo, a perpetuação desses grupos no governo. Com poucas ou nenhuma chance de chegar ao poder por via eleitoral restava aos grupos da oposição juntarem-se aos grupos políticos da situação.
A Política dos Governadores assegurou e reforçou o poder das oligarquias agrárias mais influentes do país. Os estados mais ricos da federação, São Paulo e Minas Gerais, dispunham das mais prósperas economias agrárias devido a produção em larga escala do principal produto de exportação brasileiro, o café. As oligarquias cafeeiras desses estados conquistaram influência política nacional e governaram o país de acordo com seus interesses.
A hegemonia de São Paulo e Minas Gerais na política nacional foi chamada de "Política do café-com-leite". Por meio de acordos entre o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM), os dois estados da federação elegeram praticamente todos os presidentes da República Velha, até que a Revolução de 1930 viesse alterar os rumos da política brasileira.
Transcrição
Cavando Votos
Autor e intérprete: Cornélio Pires (1884-1958)
Gravação Columbia, 1929
Homem: Boa tarde, patrício!
Caipira: Bas tarde!
Homem: E o senhor, como vai?
Caipira: Aqui como véio, perrengue, viveno de lembrança e de sodade...
Homem: Os homens envelhecem, mas a pátria se remoça. Agora vai por todo o Brasil um sopro de vida nova de reação...
Caipira: Quá! Como tempo de dantes nunca mai há de ficá.
Homem: Que mal lhe pergunte...
Caipira: Pregunta bem...
Homem: O senhor é eleitor?
Caipira: Pra qué que ocê qué sabe?
Homem: Queria que o senhor fosse votar na próxima eleição para presidente da República.
Caipira: Ói, moço. Num seja tonto. Largue mão disso. Deixe dessas patacoada. Ói, eu já fui monacrista, virei repurbicano, desvirei e revirei. Eu hoje em dia nem num sei o que é que eu sô. Esse negócio de monacria e de repúrbica pra mim é a mesma coisa que criação de porco.
Homem: Ó, o senhor é pessimista.
Caipira: Isso que ocê falô num sei o que é. Mas isso eu num sô. Ocê arrepare que eu tenho razão. Ocê recóie um porco magro no chiqueiro. De minhã cedo, ocê pinche um jacá de mio, ele: "hum". No meio do dia, outro jacá de mio, ele: "hum". Na boca da noite, outro jacá. De minhã cedo ta puído. O porco vai cumeno, vai ingordano, vai ingordano, ingordano... Quando ele tá bem gordão, só qué dormir, roncar dia e noite. Vancê pincha uma espiguinha de mio cateto, ele exprementa, larga, sobeja pras galinha pinicá... Tá gordo, tá infarado, tá cheio, num tem mais fome, num precisa mais cumê, parô de cumê... Esse é o imperadô. Agora com a Repúrbica, não tem jeito. Vancê recóie um porco magro, antes de ingordá; vancê sorta, arrecoie outro, num há mio que chegue, pois.
Homem: O senhor não tem razão. A República é muito boa.
Caipira: Pode sê, mas... Pra encurtá o causo. Vancê que tem viajado muito, tem andado muito aqui pra roça?
Homem: Tenho.
Caipira: Então cê deve cunhecê muitas qualidade de árve.
Homem: Conheço.
Caipira: Vancê cunhece aquel'uma que ta ali perto da ponte?
Homem: Conheço muito. É um ingaieiro.
Caipira: Ingazeiro nada. Aquela árve aqui nóis chama de árve do guverno.
Homem: Por quê?
Caipira: Vancê arrepare, ói. Tem parasita inté no úrtimo gaio!

CULTURA NO ESTADO NOVO

Cultura popular no Estado
Objetivos
1) Caracterizar as funções do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
2) Compreender formas criativas de reação popular à ditadura do Estado Novo.
Ponto de partida
Ler o item Censura e Propaganda do texto Estado Novo no site Educação.
O Bonde São Januário(Wilson Batista e Ataulfo Alves)
Quem trabalha é que tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar
O bonde São Januário
Leva mais um operário:
Sou eu que vou trabalhar
Antigamente eu não tinha juízo
Mas resolvi garantir meu futuro
Vejam vocês:
Sou feliz, vivo muito bem
A boemia não dá camisa a ninguém
É, digo bem
Justificativa
O Estado Novo varguista teve início em um momento peculiar da história brasileira, quando os meios de comunicação de massa, especialmente o rádio, o disco e o cinema consolidavam-se no país e constituíam-se em mercado de trabalho para muitos artistas pobres que viram neles uma possibilidade - precária, é verdade - de ascensão social. A produção cultural do período, especialmente aquela considerada como "cultura popular", é vista como reflexo das políticas públicas, deixando de levar em consideração as formas criativas encontradas pela população para lidar com o regime ditatorial.
Estratégias
1) A partir da percepção dos estímulos midiáticos que nos cercam (músicas, imagens, publicidade), discutir com os alunos o alcance dos modernos meios de comunicação de massa nos dias de hoje.
2) Criar, junto com os alunos, estratégias de repressão a esses estímulos. Ao longo da atividade, os alunos devem perceber a dificuldade em censurar os meios de comunicação de massa e a necessidade de um imenso e bem articulado corpo de censores para que o plano se efetive.
3) Ler a letra ou ouvir a canção "O Bonde São Januário" e analisar os princípios do DIP ou do Estado Novo presentes na canção.
4) Substituir o termo "operário" do verso "Leva mais um operário" por "sócio otário", versão original cortada pela censura do DIP.5) Discutir com a classe a precariedade da situação dos músicos populares, especialmente dos sambistas negros cariocas, e as razões da sua opção pela versão do DIP.
6) Discutir as funções do DIP a partir das diretrizes legais que nortearam a sua criação e relativizar o alcance do nacionalismo estatal presente nos sambas produzidos ao longo do Estado Novo.
Estado Novo (1937-1945)
A ditadura de Getúlio Vargas
Ana Paula Corti*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Getúlio Vargas assumiu a presidência do Brasil em 1934, eleito indiretamente pela Assembléia Constituinte, quatro anos após a Revolução de 30. A constituição de 1934 marcou o início do processo de democratização do país, dando seqüência às reivindicações revolucionárias. Ela trouxe avanços significativos como o princípio da alternância no poder, a garantia do voto universal e secreto, agora estendido às mulheres, a pluralidade sindical e o direito à livre expressão.
Determinava também a realização de eleições diretas em 1938, nas quais o povo finalmente teria o direito de eleger o chefe supremo da Nação e proibia a reeleição de Getúlio. Mas o processo de democratização em curso ainda iria enfrentar muitos obstáculos. Desde fins de 1935, havia um clima de efervescência no país. De um lado, acirravam-se as disputas eleitorais e, de outro, multiplicavam-se as greves e as investidas oposicionistas da ANL - Aliança Nacional Libertadora contra o governo Vargas. A ANL foi fundada por tenentes dissidentes da Revolução de 30, que defendiam a reforma agrária e combatiam as doutrinas nazifascistas.
Influência nazifascista
A conjuntura mundial estava sob forte influência do nazifascismo, representado por Hitler na Alemanha e Mussolini na Itália. Era uma época marcada por forte sentimento nacionalista e pela centralização do poder estatal. Os ventos fascistas se faziam sentir no Brasil, através da Ação Integralista Brasileira (AIB), organização fascista liderada por Plínio Salgado, cujas idéias conservadoras eram resumidas no lema "Deus, Pátria e Família".
O próprio Getúlio Vargas demonstrava grande afinidade com o nazifascismo, como se pode apreender através da forte perseguição aos judeus no seu governo. Muitos semitas emigraram impelidos pela perseguição nazista na Europa para países como o Brasil. No entanto, se deparavam com barreiras impostas pelo Estado, como bem ilustra uma circular editada em 1937, pelo então ministro das relações exteriores Mário de Pimentel Brandão, que determinava a recusa do visto de entrada a pessoas de origem judaica.
"O perigo vermelho"
A atmosfera externa aliou-se a uma situação interna bastante instável após a revolução de 30, em que as forças revolucionárias haviam se dividido e agora disputavam o poder.
A expansão dos grupos comunistas no Brasil, fortalecidos pela consolidação do regime soviético, causava um temor generalizado.
E justamente sob a alegação de conter o "perigo vermelho", o presidente Vargas declarou estado de sítio em fins de 1935, seguido pela declaração de estado de guerra no ano seguinte, em que todos os direitos civis foram suspensos e todos aqueles considerados "uma ameaça à paz nacional" passaram a ser perseguidos.
O governo federal, com plenos poderes, perseguiu, prendeu e torturou sem que houvesse qualquer controle por parte das instituições ou da sociedade. Em 1936, foram presos os líderes comunistas Luís Carlos Prestes e Olga Benário. Olga, que era judia, seria mais tarde deportada grávida pelo governo Vargas para a Alemanha, e morreria nos campos de concentração nazistas.
O Estado Novo
A forte concentração de poder no Executivo federal, em curso desde fins de 1935, a aliança com a hierarquia militar e com setores das oligarquias, criaram as condições para o golpe político de Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, inaugurando um dos períodos mais autoritários da história do país, que viria a ser conhecido como Estado Novo.
A justificativa dada pelo presidente foi a necessidade de impedir um "complô comunista", que ameaçava tomar conta do país, o chamado Plano Cohen, que foi depois desmascarado como uma fraude. Alegava também a necessidade de aplacar os interesses partidários mesquinhos que dominavam a disputa eleitoral. Na "Proclamação ao Povo Brasileiro", em que Getúlio anunciava o novo regime, ele diz:
"Entre a existência nacional e a situação de caos, de irresponsabilidade e desordem em que nos encontrávamos, não podia haver meio termo ou contemporização. Quando as competições políticas ameaçam degenerar em guerra civil, é sinal de que o regime constitucional perdeu o seu valor prático, subsistindo, apenas, como abstração."Nessa ocasião, Vargas anunciou a nova Constituição de 1937, de inspiração fascista, que suspendia todos os direitos políticos, abolindo os partidos e as organizações civis. O Congresso Nacional foi fechado, assim como as Assembléias Legislativas e as Câmaras Municipais.
Censura e propaganda
Nesse cenário de controle ideológico foi criado o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), encarregado da propaganda e promoção do regime junto à população. O DIP foi responsável pela censura a órgãos de imprensa e veículos de comunicação, sendo um instrumento estratégico na propagação de ideologias ufanistas e de exaltação do trabalho. Um exemplo ilustrativo dessa atuação foi a distribuição de verbas a escolas de samba, desde que trocassem a apologia à malandragem por temas "patrióticos" e de incentivo ao trabalho. Para difundir as idéias nacionalistas entre os mais novos o Estado tornou obrigatória a disciplina de Educação Moral e Cívica nas escolas.
O apelo direto às massas era uma marca da demagogia populista e da relação dos dirigentes nazistas e fascistas com a população, e Vargas soube tirar proveito máximo dessa estratégia. Fomentando o sentimento nacionalista em torno da ameaça do comunismo, a ditadura conseguia um apoio popular massivo. Este sentimento crescia ainda mais diante dos esforços industrializantes do governo, que aceleravam o desenvolvimento econômico e a entrada do Brasil no contexto internacional. Foram criados órgãos estratégicos para viabilizar este esforço de desenvolvimento, tais como o Conselho Nacional do Petróleo e o Conselho Federal de Comércio Exterior. Foi desse período a criação da Companhia Siderúrgica Nacional, que desempenhou papel fundamental no fornecimento de matéria-prima para o setor industrial.
Autoritarismo político e modernização econômica
Mas, para dar suporte ao desenvolvimento econômico era necessário também fortalecer a máquina pública e a burocracia. Com esse objetivo foi criado o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), em 1938, que se ramificava pelos estados e cujos integrantes, nomeados pelo presidente, tinham por finalidade fiscalizar os governos estaduais.
Como vemos, o Estado Novo conjugou autoritarismo político e modernização econômica, sob um pano de fundo nacionalista e fascista. A relação que a ditadura varguista estabelecia com a sociedade era de controle e vigilância. Foi instituído o sindicato oficial, filiado ao Ministério do Trabalho, e abolida a liberdade de organização sindical. As relações entre trabalhadores e patrões ficavam assim sob controle do Estado, em que prevalecia a lógica conciliatória e o esvaziamento dos conflitos. A visão por trás disso era de que o Estado devia organizar a sociedade, e não o contrário.
Em contrapartida às restrições à organização dos trabalhadores, Getúlio implementou uma série de leis trabalhistas, culminando com a edição da Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943, que garantiu importantes direitos e atendeu antigas reivindicações do movimento operário. Isso projetou a imagem de Vargas como "o pai dos pobres".
De volta à democracia
A Segunda Guerra Mundial, deflagrada em 1939, pôs em disputa a doutrina fascista e nazista contra a doutrina da liberal-democracia. Apesar da simpatia de Vargas pela Alemanha e pela Itália, as circunstâncias da guerra, com a entrada dos Estados Unidos no conflito, levaram o Brasil a combater ao lado dos Aliados. Com a derrota de Hitler em 1945, o mundo foi tomado pelas idéias democráticas e o regime autoritário brasileiro já não podia se manter.
Getúlio Vargas foi deposto pelos militares em 29 de outubro de 1945, sob o comando de Góes Monteiro, um dos homens diretamente envolvidos no golpe de 1937. A abertura democrática levou ao poder o general Eurico Gaspar Dutra, como presidente eleito pelo voto popular, dando fim a um dos períodos mais autoritários e violentos da nossa história.

CORONELISMO

Coronelismo
Introdução
Tratar do fenômeno do coronelismo em sala de aula pode revelar uma série de aspectos importantes da história nacional. Entre eles, o reconhecimento de permanências e mudanças no processo histórico e a percepção da ação de seus diversos agentes. Apesar desses agentes não terem sido objeto de muitas análises historiográficas, atuaram de maneira a reorientar as vivências de parcela significativa da população brasileira.
A abordagem do coronelismo pode ser introduzida com um debate sobre a história da participação popular no Brasil por meio do voto. Nos trabalhos com este tema é importante considerar a história do sufrágio universal brasileiro e incentivar o questionamento da própria construção da cidadania no país.
Objetivos
1) Reconhecimento da história do coronelismo e suas relações com o cangaço.
2) Reconhecimento das raízes históricas do coronelismo: reflexão sobre a figura dos donatários e dos proprietários das sesmarias.
3) Reconhecimento das permanências e mudanças no papel político dos grandes proprietários no Brasil.
4) Debate referente à construção da participação popular no Brasil: o voto como arma política.
Estratégias
1) Inicie a aula com o questionamento do que o nome "coronelismo" pode significar. Deixe que os alunos exponham suas idéias e as registrem na lousa.
Faça perguntas:
De que palavra deriva?
Vocês conhecem algum período na história que tenha sido definido por este conceito?
Vocês acreditam que ter terras possibilita uma posição privilegiada na sociedade brasileira? Como?
2) Depois de reconhecer os dados que seus alunos já dominam, apresente uma linha do tempo em que sejam evidenciadas as raízes históricas do poder dos grandes proprietários no país. É importante que os alunos percebam também a concentração de terras nas mãos de poucos proprietários (donatários, donos de sesmarias, coronéis etc.) e compreendam o quanto essa posição possibilita benefícios e uma participação política (interferência) constante na vida da população brasileira. A linha do tempo auxiliará na percepção das permanências e mudanças no processo.
3) No momento em que os alunos já reconhecem a figura do coronel e efetuam a localização temporal, realize uma exposição que complemente as descobertas realizadas. É fundamental a participação dos alunos. Crie uma situação hipotética em que cada aluno represente a figura de agentes históricos envolvidos no processo. Dê a cada um deles uma determinada função: coronel, jagunço, cangaceiro, trabalhador rural etc. E "amarre" a temática dando "vida" aos sujeitos históricos. Nessa representação é fundamental que o "voto de cabresto" seja explicado e que os alunos reconheçam a continuidade de ações como essas na atualidade.
4) Por fim, desenvolva um debate sobre a importância do voto. Divida a sala em duas grandes equipes. Uma deverá defender o voto como principal arma política da população e a outra mostrará que ele é apenas uma das maneiras de participação popular. Cada grupo deverá formular questões para o outro grupo. Por fim, termine o debate deixando que registrem suas conclusões coletivamente.
Atividades
1) Leve à sala de aula diferentes textos referentes ao coronelismo e os entregue às equipes. Peça que cada uma delas, após a leitura do material complementar, desenvolva uma parábola na qual a temática seja o coronelismo. Visite cada equipe constantemente e auxilie na formulação, enfatizando aspectos diferentes para cada um dos grupos. Dessa maneira, a turma terá a produção de um material bastante diversificado.
2) Reserve tempo para que os alunos possam ensaiar suas parábolas e também para que possam marcar o ritmo da música com sons produzidos com o próprio corpo (batendo palmas, emitindo sons ao tocar diferentes partes do corpo). Assim, além do conhecimento histórico, estarão desenvolvendo habilidades motoras importantes para seu desenvolvimento.
3) Como conclusão do trabalho, peça que cada equipe apresente sua parábola e entregue a letra a cada um dos alunos, que poderão analisar o conteúdo abordado.

INCONFIDÊNCIA MINEIRA

Inconfidência Mineira
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Objetivos
1) Conhecer os principais atores da Inconfidência Mineira;
2) Reconhecer o principal jogo de forças na Inconfidência Mineira: o conflito de interesses entre a Colônia e a Coroa Portuguesa.
Comentário
O tópico Inconfidência Mineira deve estar contextualizado dentro de um estudo mais abrangente sobre o período colonial. De acordo com a maturidade dos alunos, a abordagem do tema será mais ou menos complexa.
Material
O texto Inconfidência Mineira pode servir de base para o trabalho em sala de aula.
Estratégias
1) Agendar com antecedência uma pesquisa sobre a Inconfidência Mineira e a leitura prévia dos textos indicados;
2) Dividir a sala entre representantes da Coroa e os representantes da Colônia. Os alunos podem se revezar nesses papéis;
3) Promover um debate entre os representantes de cada parte, tornando visíveis as tensões políticas, ideológicas e sociais que deram origem ao episódio da Inconfidência.
Atividades
1) (Opcional) Confecção da bandeira da Inconfidência e colocação da bandeira na frente da classe; 2) Debate entre representantes da Coroa e dos Inconfidentes;
3) Criação na lousa de uma linha do tempo, com os principais acontecimentos da Inconfidência Mineira.
Sugestões e dicas
A atividade na sala de aula pode ser ampliada e transformar-se numa atividade extraclasse. Pode ser encenada uma peça com alunos no papel de inconfidentes e de outros personagens desse período histórico.
Período pombalino
Administração de Pombal deixou marcas
Vitor Amorim de Angelo*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Quando em 1750 o rei de Portugal, D. José 1o, escolheu Sebastião José de Carvalho e Melo - conde de Oeiras e futuro marquês de Pombal - para ocupar o cargo de primeiro-ministro, começava ali uma nova fase da história do Brasil. Pombal ficou conhecido pelo conjunto de reformas realizadas tanto na metrópole como nas colônias portuguesas. Sua posse como secretário de Estado do Reino de Portugal ocorreu em meio à crise do Antigo Regime e à emergência do Iluminismo. Na Europa, vários países - entre eles, Portugal - passaram a combinar elementos do período absolutista, como o fortalecimento do poder real, por exemplo, com reformas que buscavam diminuir as diferenças sócio-econômicas em relação a outros Estados, como França e Inglaterra, principalmente. Foi o chamado "despotismo esclarecido" ou "absolutismo iluminado".
Apesar da sua importância, o marquês de Pombal nem sempre foi bem visto pela Coroa portuguesa. Nascido em Lisboa, no dia 13 de maio de 1699, Pombal foi nomeado para seu primeiro cargo público aos 39 anos: seria embaixador de Portugal em Londres. Pouco depois da morte da sua primeira mulher, em 1737, Pombal casou-se novamente. Dessa vez, com a condessa Maria Leonor Ernestina Daun, filha do marechal austríaco Leopold von Daun - comandante militar da Áustria na Guerra dos Sete Anos.
O casamento fora arranjado pela rainha de Portugal, a também austríaca D. Maria Ana Josefa de Áustria, amiga íntima da condessa. Assim, com a morte do rei D. João 5o, a rainha-mãe inteveio a favor de Pombal junto a seu filho, D. José 1o, sucessor do trono. Com a coroação de D. José, em 1750, o marquês de Pombal foi nomeado secretário de Estado do Reino de Portugal.
Pombal e o Brasil
Ao tomar posse no cargo de primeiro-ministro, Pombal assumiu não apenas a administração do Estado português, mas também das suas colônias, incluindo o Brasil. Daí porque a era pombalina, como ficaram conhecidos os quase 30 anos em que esteve à frente da Secretaria de Estado do Reino, repercutiu de maneira decisiva sobre o destino brasileiro.
Àquela altura, já havia ficado evidente para a Coroa portuguesa a importância da sua colônia na América. Afinal, em meados do século 18 o Brasil já tinha mais peso econômico e demográfico que a própria metrópole. Por isso, as reformas de Pombal, que na Europa tiveram o objetivo de equiparar Portugal às demais potências do Velho Continente, no Brasil visaram a racionalizar o processo de produção e envio de riquezas para a metrópole. As reformas, portanto, não apenas mantiveram o monopólio comercial entre Portugal e Brasil como também aprofundaram a dominação metropolitana. Sob o ponto de vista administrativo, as mudanças começaram com a extinção do antigo sistema de capitanias hereditárias. Quatro anos depois, a própria capital foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro - deixando clara a preponderância econômica da região centro-sul sobre o Norte e o Nordeste.
Para aumentar a exploração de riquezas, foram criadas duas companhias de comércio, na tentativa de incrementar a produção naquelas regiões: a Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão e a Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba. Ao mesmo tempo, Pombal intensificou a fiscalização sobre a exploração do ouro em Minas Gerais, numa conjuntura de crise no setor aurífero.
Inconfidência Mineira
Desde o século 17, os produtores eram obrigados a destinar uma parte do ouro à Coroa portuguesa. Em sua administração, Pombal reestruturou a cobrança de impostos sobre a produção aurífera, especialmente o "quinto" e a "derrama". O quinto era uma taxa "per capita" de 20% sobre o ouro produzido na colônia, a ser mandada para Portugal. Durante o período pombalino, o quinto foi fixado em cerca de 1.500 quilos. Evidentemente, com o declínio da produção, tornara-se cada vez mais difícil atender à cobrança do Real Erário português, criado por Pombal para centralizar a fiscalização. Quando o quinto não era pago ou era pago parcialmente, a diferença ficava acumulada. A cobrança dos valores atrasados - chamada de derrama - logo passou a ser realizada pela metrópole. Para receber os valores a que tinha direito, Portugal chegou a confiscar as rendas e propriedades dos devedores. A intensificação das cobranças foi um dos principais motivos da Inconfidência Mineira, ocorrida em 1789 - mesmo ano em que, na Europa, tinha início a Revolução Francesa.
Por fim, outra importante reforma realizada pelo marquês de Pombal foi a expulsão dos jesuítas do Brasil, como extensão da medida tomada também em Portugal. O objetivo foi não apenas confiscar as propriedades da Igreja como também, no caso da colônia, aprofundar o controle político-econômico nas regiões administradas pelos jesuítas. À expulsão seguiu-se uma profunda reforma educacional, até então sob responsabilidade da Igreja.
De um lado, a medida tomada por Pombal fundamentou-se na secularização do Estado português, numa clara influência iluminista. De outro, era parte de um conjunto de outras decisões, como a abolição da escravidão indígena, em 1757, e o fim da perseguição aos chamados "cristãos-novos", em 1773. Diante dessas reformas, os jesuítas pareciam representar o que havia de mais atrasado, aquilo que precisava ser modernizado, reformado - ainda que de maneira limitada. Em síntese, todos esses fatores explicam o motivo da sua expulsão.

MOVIMENTOS SOCIAIS NA REPÚBLICA VELHA 2

Guerra de Canudos
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Ponto de partida
Objetivos
1) Conhecer as causas gerais e as imediatas do confronto em Canudos;
2) Entender os motivos da intervenção do Governo, bem como reconhecer os excessos dessa intervenção;
3) Conhecer a seqüência dos conflitos;
4) Refletir sobre o abandono do sertão nordestino por parte das autoridades governamentais da República velha e discutir em que sentido esse abandono, hoje, faz ou não parte do passado.
Comentário
A guerra de Canudos é um episódio muito significativo da história do Brasil: as populações de uma região de poucos recursos naturais é abandonada a sua própria sorte. Quando esta mesma população se organiza para resolver seu problema passa a ser vista como uma ameaça ao Estado.
Estratégias
1) Dividir inicialmente a classe em três equipes e propor que cada uma delas levante a história de Canudos, seguindo o percurso trilhado por Euclides da Cunha em "Os Sertões":
a) A terra: Caracterizar geograficamente a região onde ocorreu o conflito. Como era a região à época? Como é a região hoje?
b) O homem: pesquisar a cultura, lato senso, do sertão nordestino, levantando aspectos tais como o coronelismo, o cangaço, a religiosidade popular, a literatura de cordel, etc.
c) A luta: essa equipe pode se subdividir em quatro, cada uma das quais se dedicaria a narrar com o maior número de pormenores possível as quatro campanhas militares. Seria interessante levantar mapas da Bahia e da região de Canudos, assinalando nos mapas os locais onde se deram os confrontos, a marcha das colunas.
2) O professor pode completar a pesquisa dos alunos fazendo uma exposição sobre o Brasil da época, em que o eixo econômico estava no Sudeste, em função da economia cafeeira. Quanto ao Nordeste, enquanto o litoral e o agreste ainda conheciam algum desenvolvimento, como era a vida social no sertão? Destacar o caráter litorâneo do desenvolvimento econômico brasileiro.
Debate
Vale a pena discutir particularmente:
Qual o motivo da repressão violentíssima das autoridades governamentais?
Qual o motivo da resistência obstinada da população de Canudos?
Dicas e sugestões
Com todas as restrições que possam ser feitas ao filme "Guerra de Canudos", de Sérgio Resende, vale a pena fazer os alunos assisti-lo (ele se encontra em DVD), para motivá-los e levá-los a visualizar o panorama histórico.Existem diversos livros paradidáticos sobre o tema que podem servir de base à pesquisa dos alunos.
A República se impõe ao sertão a ferro e fogo
No início da Primeira República, no governo de Prudente de Morais, o interior do Nordeste brasileiro foi palco de um dos maiores conflitos sociais envolvendo a luta das populações pobres pela posse da terra. As principais causas deste conflito, que desencadeou a Guerra de Canudos, estão relacionadas às condições sociais e geográficas da região.
As características geográficas e as condições sociais do Nordeste brasileiro formavam um conjunto de fatores geradores de um estado de permanente conflito e revolta social. Toda aquela região era composta de latifúndios improdutivos, que eram grandes extensões de terra pertencentes a poucos proprietários.
Os coronéis e a seca
Esses grandes proprietários agrários, também conhecidos como coronéis, mantinham uma enorme massa de sertanejos em condições de absoluta miséria. Como não possuíam terras, os sertanejos eram obrigados a aceitar as péssimas condições de trabalho impostas pelos coronéis. A situação de miséria dessas populações era agravada pelas condições do clima da região.
O nordeste brasileiro sofria com as secas, que assolavam toda a região, acabando com as plantações de alimentos, matando as criações de animais e secando os reservatórios de água. Todos os anos, a fome e a sede matavam milhares de sertanejos.
Banditismo, fanatismo e conflito social
As condições de miséria das populações que habitavam o interior do Nordeste brasileiro favoreciam a ocorrência de conflitos e revoltas sociais. Os sertanejos formavam bandos de cangaceiros que aterrorizam as populações locais e atacavam as fazendas dos coronéis, roubando tudo que podiam.
O cangaço era uma das formas mais comuns de luta contra a miséria e a fome, mas pode ser entendido como um tipo de revolta primitiva ou inconsciente, porque não tinha por objetivo a luta pela transformação das condições sociais mais gerais. O emprego da violência de forma rotineira e de caráter vingativo, são as marcas do cangaço.
Essas condições também favoreciam o surgimento de líderes religiosos, conhecidos na região como beatos ou conselheiros. Pregando a salvação da alma, esses religiosos mobilizavam seguidores e formavam comunidades. Movimentos populares de caráter religioso eram uma outra forma primitiva de contestar e lutar contra a miséria e a fome. Eles se contrapunham ao catolicismo conservador vigente, e por esse motivo não eram bem vistos pela Igreja.
Canudos e o Conselheiro
A história de Canudos começa por volta de 1893. Nesta época, no arraial de Canudos, no vale do rio Vaza-Barris, no interior da Bahia, reuniu-se um grupo de fiéis seguidores do beato Antônio Conselheiro, que pregava a salvação e dias melhores para quem o seguisse. Em 1896 o arraial já possuía cerca de 15 mil sertanejos que viviam de modo comunitário. Sobreviviam com a criação de animais e plantações.
Tudo era dividido entre os habitantes e o que sobrava era comercializado nas cidades vizinhas. Desse modo, conseguiam obter os bens e produtos que não eram produzidos no local. Para se protegerem, os habitantes de Canudos organizaram grupos armados. Foi assim que, em poucos anos o arraial de Canudos se firmou na região como um contestado, passando a reunir cada vez mais sertanejos que lutavam para mudar suas condições de vida fugindo da miséria e dominação dos grandes latifundiários.
A Guerra de Canudos
O rápido crescimento da comunidade de Canudos passou a incomodar os coronéis locais e a Igreja católica. Os latifundiários perdiam mão-de-obra enquanto a Igreja perdia seus adeptos. O contestado de Canudos passou a ser alvo de inúmeras críticas.
Padres e coronéis faziam pressão para que o governador da Bahia acabasse com Canudos. Na imprensa, os intelectuais e jornalistas condenavam os habitantes da comunidade sob a acusação de quererem restabelecer o regime monárquico e chamando os sertanejos de bandos de "fanáticos" e "degenerados".
O governo da Bahia organizou expedições militares para destruir Canudos. A primeira, comandada pelo tenente Manuel Pires Ferreira, foi composta por 120 homens e terminou sendo vencida pelos fiéis de Antônio Conselheiro, que estavam sob o comando de Pajeú e João Abade. A Segunda expedição, foi composta por 500 homens e foi chefiada pelo major Febrônio de Brito, mas também foi derrotada.
Terceira derrota
Diante do fracasso, foi organizado uma terceira expedição militar composta por 1.200 homens, sob chefia do coronel Moreira César - considerado pelos militares um herói do exército brasileiro. Ainda assim, a expedição foi vencida, e o coronel foi morto em combate. Com a terceira derrota, a resolução do problema passou para a competência do governo federal. O ministro da Guerra, Carlos Bittencourt, preparou uma quarta expedição que foi composta por 6 mil homens e chefiada pelo general Artur Oscar.
Fortemente armados, os soldados cercaram por três meses o arraial de Canudos, que sofreu forte bombardeio e depois foi invadido. O arraial foi completamente destruído a 5 de outubro de 1897. Os sertanejos de Canudos, homens, mulheres, velhos e crianças, foram massacrados pelos soldados, que tinham ordens para não fazer nenhum prisioneiro.
A destruição de CanudosO presidente Prudente de Morais comemorou a vitória das tropas militares. Mas pouco a pouco, começaram a surgir críticas proveniente de políticos, intelectuais e de diversos setores da sociedade, sobre a necessidade do uso de tamanha violência contra os habitantes de Canudos. A Guerra de Canudos passou para história como o grande massacre da população pobre e humilde do Nordeste brasileiro.
O famoso escritor Euclides da Cunha, que na época acompanhou o conflito armado na condição de jornalista, como correspondente de "O Estado de S. Paulo", retratou o episódio em sua obra "Os Sertões". Nela, ele apresenta uma contundente denúncia sobre o massacre dos sertanejos de Canudos, retratando-os como bravos heróis que resistiram até o fim.

ARTE & HISTÓRIA 2

Bandeiras do Brasil
Objetivos
1) Reconhecer a gênese da atual Bandeira do Brasil.
2) Conhecer a história do Brasil por meio de suas bandeiras.
3) Relacionar as diferentes bandeiras do Brasil aos diferentes períodos históricos que elas simbolizam.
4) Refletir sobre a importância dos símbolos da Pátria na construção do imaginário coletivoPonto de partidaA força da imagem da Bandeira do Brasil, em contraste com suas antecessoras, instiga a imaginação e a curiosidade dos alunos.
Pode ser tomada como ponto de partida a página Conheça os Pavilhões do País, desde a Colônia até a República
Atividade
1) Confeccionar uma série de bandeiras do Brasil de diferentes períodos históricos.
2) Criar pequenos textos que acompanharão as imagens, explicando a importância histórica de cada bandeira.
3) Organizar uma exposição das bandeiras do Brasil. As bandeiras devem ser expostas em ordem cronológica e acompanhadas de textos identificadores e explicativos.SugestõesA atividade deve ser realizada em conjunto com o professor de Língua Portuguesa, para a redação dos textos das legendas e das explicações. O professor de Artes definirá as técnicas empregadas na confecção das bandeiras. As sugestões incluem colagem, trabalho com tecido ou pintura.

ESCRAVATURA E ABOLIÇÃO


Escravatura e abolição
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Objetivos
1) Conhecer como, quando e por quê o sistema escravocrata de trabalho foi implantado no Brasil;
2) Compreender a importância do movimento abolicionista;
3) Saber resumir oralmente os pontos mais significativos do tema.
Estratégias
1) O Vestibucast é um serviço de provimento de conteúdos digitais em áudio do jornal Folha de S.Paulo, que apresenta resumidamente os elementos esssenciais de temas do currículo escolar. Vamos utilizar, apenas como exemplo, o seguinte áudio:Revolução Farroupilha.
2) Peça para seus alunos escutarem-no. Evidentemente, a melhor maneira de escuta é a própria internet. Na impossibilidade de acessá-la em sala de aula, porém, o professor pode recorrer a um gravador para reproduzir o áudio.
3) Peça a seus alunos para transcreverem o texto por escrito. No decorrer da transcrição, você pode mostrar a eles a estrutura do resumo que o aúdio constitui, isto é, como ele aborda o estritamente essencial para poder dar conta do tema abordado em dois minutos e 30 segundos.
4) O áudio do Vestibucast servirá como modelo que seus alunos deverão reproduzir, preparando outros áudios sobre os temas: escravatura e abolição.
Atividades
1) Divida a classe em no mínimo quatro grupos. Dois se concentrarão na escravatura e dois na abolição. Cada grupo deve produzir um áudio semelhante ao do Vestibucast.
2) Para isso, antes de mais nada, é preciso pesquisar os assuntos. O site Educação possui vários textos sobre trabalho escravo e abolição na História do Brasil. Entre eles, destacamos Escravidão no Brasil e todos os links a ele relacionados.
3) Concluída a pesquisa, os alunos devem discutir entre si para levantar os pontos que consideram essenciais. Em seguida, devem produzir um texto escrito para ser lido em voz alta e, posteriormente, gravado. A produção do texto pode contar com a colaboração do professor de língua portuguesa.
4) A título de motivação, estimule a criatividade dos alunos: eles devem caprichar na locução, podem criar efeitos especiais sonoros (como o arrastar de correntes) e uma trilha sonora de fundo.

A VINDA DA FAMÍLIA REAL 2

A vinda da Família Real 2
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Ponto de Partida
Leitura dos textos Família Real no Brasil e Dom João na Bahia, no site Educação do UOL.
Objetivos
1) Conhecer os fatos e personagens relacionados ao tema.
2) Compreender as causas e as conseqüências do evento histórico, cujo bicentenário se comemora em 2008.
3) Perceber - se possível - como certos eventos implicam uma aceleração do tempo histórico: a presença da Família real desencadeia um surto de desenvolvimento no Brasil e impulsiona o processo de Independência do país.ComentárioAs atividades que se propõem a seguir servem tanto para o ensino fundamental quanto para o médio. Cabe ao professor dirigi-la e aprofundá-la, de acordo com o público com o qual vai lidar.
Atividade
Produzir um jornal impresso ou mural sobre a vinda da Família real ao Brasil e a sua presença aqui.
Estratégias
1) Dividir a classe em grupos e encarregar cada um deles da produção e redação de um dos cadernos que vão compor o jornal.2) Basicamente, o jornal pode conter os cadernos de:
a) Política, para o qual se devem pesquisar os fatos acerca da vinda da Família real, suas causas e conseqüências. Por exemplo: a política napoleônica e o Bloqueio Continental, a decisão do príncipe regente, a transferência da corte (quantos navios, quantas pessoas, o que foi trazido, etc.), o fato de o Brasil deixar a condição de colônia, etc.
b) Economia: a abertura dos portos, a fundação do Banco do Brasil e de indústrias...
c) Cultura: a criação da Impressão régia, a Missão Artística Francesa... Aqui, podem-se explorar particularmente as gravuras de Jean-Baptiste Debret que apresentam imagens de grande valor documental sobre o país à época.
d) Coluna Social: Quem eram os principais membros da Corte que vieram para o Brasil (a rainha Maria 1ª., o príncipe dom João, a princesa dona Carlota Joaquina, dom Pedro.
e) Outros cadernos que abordem outros aspectos específicos que o professor ache pertinentes.
3) Organizar as equipes de produção dos cadernos, determinando quem vai pesquisar, quem vai redigir, quem vai atrás de imagens, etc.
4) Havendo possibilidade, o projeto não deve se limitar à classe que vai realizá-lo: vale a pena imprimir uma certa quantidade de exemplares do jornal e distribui-lo na escola.
Sugestão
Para o ensino médio: A leitura de "Memórias de um Sargento de Milícias" se passa na época em que dom João 6º. Estava no Brasil e traça um divertido panorama do cotidiano das camadas médias e baixas da sociedade brasileira da época. Constitui-se, assim, num contraponto à presença da Corte no país. O livro pode ser estudado num trabalho conjunto com o professor de literatura.

A VINDA DA FAMÍLIA REAL (A ABERTURA DOS PORTOS)

A abertura dos portos
Introdução
No momento em que o Brasil comemora os 200 anos da transferência da monarquia portuguesa, pesquisar as circunstâncias que levaram à abertura dos portos possibilita reconhecer a importância desse fato para a história das relações comerciais do Brasil no século 19. Além disso, é possível identificar as diferentes razões que levaram dom João a "optar" por essa medida.É relevante observar também o quanto a abertura dos portos permitiu mudanças na vida cotidiana, devido aos inúmeros produtos que passaram a chegar ao país. Na verdade, todo esse processo representou um passo importante para as relações internacionais brasileiras e, também, para o desenvolvimento de nossa economia.
Objetivos
1. Conhecer as circunstâncias que levaram à abertura dos portos.
2. Analisar as mudanças que a abertura dos portos provocou na vida cotidiana da população.
3. Refletir sobre as trocas culturais facilitadas pelas relações comerciais do Brasil com outros países.
4. Refletir sobre a desconstrução progressiva do pacto colonial, que garantia o monopólio comercial português.
Estratégias
1. Coloque na lousa o tema da aula e pergunte se os alunos sabem o que ele significa. Peça que dois alunos anotem no quadro as idéias verbalizadas pela turma, formando uma tempestade de idéias.
2. Explique aos alunos a importância desse fato para as relações comerciais, evidencie a relevância dos meios de transporte marítimo e, também, a ausência de uma efetiva interconexão entre as regiões brasileiras.
3. Escolha dois ou três objetos trazidos ao território brasileiro pela família real e debata com a turma sobre as mudanças que o uso desses objetos gerou nos costumes dos brasileiros. (Observação: ajuda a despertar o interesse da turma usar ao menos um objeto exótico, como, por exemplo, um par de patins para gelo).
4. Depois de os alunos perceberem o quanto as decisões políticas transformam a vida da população, construa, com a participação da turma, um mapa conceitual que recupere tudo que foi estudado e que possibilite a compreensão do quanto a abertura dos portos às nações amigas minava os aspectos centrais do pacto colonial.
5. Reflita com os alunos sobre as relações comercias brasileiras no presente. Pergunte quais produtos o Brasil exporta e quais importa - e registre na lousa. Para finalizar, escolha uma notícia ou reportagem sobre as trocas comerciais na atualidade, leia com a turma e deixe que os alunos relacionem essas trocas comerciais e culturais com as que ocorriam no tempo da chegada da família real.
Atividade
1. Para que os alunos percebam a importância das mudanças ocorridas no Brasil com a abertura dos portos, organize um exercício de interpretação. Nele, três alunos devem representar os interesses de três países: Brasil, Portugal e Inglaterra. Na primeira fase da atividade, o Brasil deve estar preso pelo pacto colonial e os entraves das relações comerciais devem ficar evidentes. Na segunda fase, faça a representação das mesmas necessidades comerciais, agora sem os entraves, derrubados pela abertura dos portos. É interessante que os privilégios alfandegários dados aos ingleses sejam destacados.
2. Por fim, peça aos alunos que representem, por meio de desenhos, o Brasil antes e depois da abertura dos portos.

A VINDA DA FAMÍLIA REAL

A Chegada da família

Introdução
Devido à intensa veiculação de opiniões sobre a chegada da corte portuguesa no Brasil, é importante debater com os alunos quais as relações desse fato histórico com a vida atual dos brasileiros.É importante também que os alunos conheçam as diferentes visões, presentes na historiografia, sobre a vinda da família real. Só assim poderão analisar as diversas interpretações desse fato histórico e chegar às suas próprias conclusões.
Objetivos
1. Reconhecimento do contexto histórico em que se dá a chegada da família real no Brasil.
2. Análise das mudanças ocorridas, depois da instalação da corte portuguesa, na economia, na política, nas relações culturais e sociais. Ao mesmo tempo, estudar as facetas da realidade que permaneceram inalteradas.
3. Estudo das mudanças na organização do Estado.
4. Análise do processo de construção da unidade territorial brasileira e da relevância da presença da família real no Brasil.
5. Debate sobre a importância desse momento histórico para a formação da identidade do povo brasileiro.
Estratégias
1. Leve para a sala de aula pequenos cartazes, nos quais estejam registradas algumas das transformações ocorridas no Brasil depois da transferência da corte portuguesa: a criação do Banco do Brasil, da primeira escola de medicina, etc. É importante que o momento no qual essas mudanças aconteceram não seja revelado aos alunos. Eles devem saber apenas que foram as primeiras instituições que surgiram no país e refletir sobre o papel delas na história brasileira.
2. Depois de ouvir as opiniões dos alunos, apresente o contexto histórico em que essas mudanças ocorreram. Exponha a relevância desses fatos para a criação de uma infra-estrutura que atendesse às necessidades da monarquia que aqui se instalava. É fundamental que sejam evidenciadas as mudanças ocorridas na organização estatal daquela época.
3. Apenas nesse momento da aula as motivações da fuga da família real estarão em foco. Pergunte aos alunos o que sabem sobre o acontecimento e, a partir das idéias expostas, problematize o contexto histórico. É importante que as expressões "vinda", "chegada" e "fuga" sejam debatidas, já que revelam aspectos fundamentais do debate que envolve importantes nomes da historiografia brasileira.
4. Para finalizar, faça uma explanação sobre o papel da corte portuguesa para a manutenção da unidade territorial brasileira. Cite as diferentes revoltas que ocorriam no Brasil, pois isso ajudará o grupo a compreender o papel centralizador da monarquia.
Atividade
1. Para que os alunos percebam as mudanças geradas nas relações sociais brasileiras depois da chegada da família real, leve para a sala de aula objetos que permitam interpretar, encenar as representações do imaginário sobre tais mudanças - e o quanto elas reorientaram a vida cotidiana daquele tempo.
Pensar, com os alunos, sobre o número de pessoas que chegou ao Brasil e os estranhamentos em relação aos costumes do "outro", será uma maneira de fazê-los se sentir parte daquilo que foi vivenciado pelos sujeitos históricos daquele período. Um exemplo relevante foi a apropriação de diversas propriedades, para que servissem de moradia aos que chegavam de Portugal.
2. Por fim, peça aos alunos - dispostos em pequenos grupos - que criem mímicas revelando o que acharam mais interessante. Depois de apresentá-las e de os colegas terem tentado descobrir quais mensagens estavam subjacentes aos gestos, proponha que façam pequenas explanações sobre o significado de suas representações.
Sugestões de leitura
1. Na revista Nova Escola, edição de jan/fev de 2008, há o artigo "Nascimento do Brasil", assinado por Paulo Araújo, sobre a "fuga" da família real. O texto pode auxiliar no tratamento do tema com os alunos, principalmente no que se refere a fatores metodológicos que facilitem o processo de construção do conhecimento. O artigo traz um infográfico que pode ser usado com a turma e que auxiliará na visualização das relações entre os fatos históricos.
2. A obra 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil, Editora Planeta, do jornalista Laurentino Gomes, traz uma série de curiosidades que permitem tornar o tratamento do tema mais atraente aos alunos. É importante ressaltar - o que o autor já faz no corpo do livro - que a obra não tem qualquer preocupação no sentido de desenvolver um trabalho historiográfico preciso, ainda que faça referência a vários historiadores.

RELAÇÕES INTERNACIONAIS NO SEGUNDO IMPÉRIO

Questão Cristhie
Érica Alves da Silva*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Introdução
O estudo da Questão Cristhie favorece a compreensão das relações diplomáticas em diferentes contextos históricos. É importante perceber como os interesses políticos e econômicos dos diversos países mudam de acordo com os períodos da história.
Objetivos
1. Conhecer o fato histórico denominado Questão Cristhie.
2. Analisar a importância, para o Brasil, das relações diplomáticas com a Inglaterra durante o século 19.
3. Estudar o contexto histórico no qual as relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra foram rompidas.
4. Identificar as interferências inglesas em diferentes questões da política brasileira durante o século 19: antecedentes da Questão Cristhie.
5. Identificar a importância e os efeitos do reconhecimento formal da soberania brasileira, por parte da Inglaterra, durante o século 19.
Estratégias
1. Apesar de a Questão Cristhie não ser um tema muito abordado nos estudos historiográficos e no ambiente escolar, trata-se de um fato importante para compreendermos as relações econômicas e políticas entre a Inglaterra e o Brasil no século 19. O professor deve começar a aula com uma explanação sobre o tema.
2. Peça aos alunos que criem notícias de jornal, com se vivessem durante o período estudado, demonstrando nos textos, inclusive, a relação da Questão Cristhie com a vida cotidiana da população brasileira daquele período. O professor estabelece os fatos que devem ser noticiados e acompanha a elaboração dos textos. Depois, os alunos apresentam seus trabalhos à turma.
3. Por fim, formule algumas perguntas sobre a Questão Cristhie, relacionando o tema a disputas diplomáticas da atualidade. Será uma forma de contextualizar o assunto.
Atividades
1. Peça que os alunos tragam para a aula reportagens sobre problemas diplomáticos que o Brasil enfrenta atualmente. As questões envolvendo o Brasil e a Espanha, por exemplo, no que se refere à imigração de brasileiros, pode ser um tema interessante.
2. Depois de os alunos lerem as notícias, divida a turma em grupos. Cada grupo será responsável por uma questão diplomática, sobre a qual deverá escrever uma notícia em tom de urgência, salientando os aspectos mais graves. As notícias devem ser apresentadas à classe. Ao final de cada exposição, o professor deve fazer perguntas e debater os pontos importantes.
*Érica Alves da Silva é historiadora.

HOLANDESES NO BRASIL

Ocupação holandesa
Érica Alves da Silva*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Introdução
Conhecer as razões que levaram à ocupação holandesa no Brasil, bem como seus reflexos na história do Nordeste brasileiro, permite aos alunos a percepção das relações da história do Brasil com outros países, além de Portugal, o que demonstra como os fatos não ficavam reduzidos às relações entre metrópole e colônia.
Objetivos
1. Conhecer as razões que levaram os holandeses a ocupar o Brasil.
2. Conhecer as regiões ocupadas pelos holandeses.
3. Conhecer a diversidade de interesses dos sujeitos históricos, como, por exemplo, a burguesia holandesa.
4. Analisar o papel da Companhia das Índias Ocidentais.
5. Identificar as relações de poder entre Holanda, Espanha e Portugal.
6. Conhecer as razões que levaram ao fim do domínio holandês no Nordeste.
Estratégias
1. Inicie a aula mostrando que a ocupação holandesa no território brasileiro acontece entre 1630 e 1654, mas que, anteriormente, já havia interesse holandês em explorar as riquezas do Brasil. O professor pode construir uma pequena linha do tempo, na qual as razões da frustrada ocupação da Bahia sejam apresentadas.
2. Depois, pergunte aos alunos: Quais interesses vocês teriam em relação ao Brasil se vivessem nesse período? O que os faria desejar a dominação de parte do território que era colonizado por Portugal? Registre as idéias em um cartaz e, a seguir, mostre para a sala, por meio de outro cartaz, já preparado, as razões históricas do interesse holandês.
3. Nesse momento é interessante que se faça uma explanação sobre o período em que os holandeses dominaram parte do litoral nordestino e sobre como efetuaram a exploração do açúcar. É importante salientar os movimentos de resistência à ocupação e, ao mesmo tempo, os interesses que fizeram com que os senhores de engenho não se indispusessem com a burguesia holandesa. Além disso, conhecer os objetivos da Companhia das Índias Ocidentais faz com que os alunos visualizem as relações da ocupação holandesa com toda uma macroestrutura histórica, capaz de esclarecer, inclusive, o fim da dominação espanhola.
4. Para finalizar, proponha um jogo aos alunos. Divida a turma em grupos que representem os personagens participantes do momento histórico em análise. Escolha um personagem para você, professor, e, por meio de uma encenação improvisada, peça que os alunos recontem a história que acabaram de estudar.
Atividades
1. Para que os alunos percebam as relações do que foi estudado com o presente, pesquise quais são os principais produtos agrícolas para a economia nacional e que posição ocupam seu produtores na sociedade brasileira. Analise esses dados com os alunos, sem se esquecer de demonstrar que, atualmente, existem muitas outras atividades que sustentam a economia brasileira.
2. Depois de terminado esse trabalho, aborde novamente a ocupação holandesa, de maneira a mostrar a importância do açúcar para a economia nacional. Por fim, apresente ao grupo os efeitos, para o Brasil, da produção de açúcar comandada pelos holandeses nas Antilhas.
*Érica Alves da Silva é historiadora.

MOVIMENTOS SOCIAIS NA REPÚBLICA VELHA 1

Revolta da Vacina
Érica Alves da Silva*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Introdução
O conhecimento da Revolta da Vacina permite reflexões sobre diferentes problemas vividos pela população brasileira (especificamente no Rio de Janeiro) no início do século 20. É possível desenvolver abordagens sobre a política higienista que já se realizava, a participação popular e as próprias motivações dos questionamentos populares. É possível ainda desenvolver debates sobre as estratégias usadas pela população na defesa de seus direitos.
Objetivos
1) Conhecimento do contexto histórico e das motivações existentes para a ocorrência da Revolta da Vacina.
2) Conhecimento da importância do discurso médico (políticas higienistas) no início do século 20.
3) Desenvolvimento das habilidades de leitura, síntese e exposição oral.
4) Análise de documentos: notícias e reportagens.
Estratégias
1) Inicie a aula perguntando aos alunos o significado da palavra "cidadão". Peça que cada participante registre sua colaboração na lousa. Na seqüência, pergunte se julgam o voto essencial para a garantia da cidadania, e se ele é a única maneira da população participar ativamente das decisões políticas.
2) Pergunte aos alunos se acreditam que ser cidadão hoje é o mesmo que ser cidadão no passado brasileiro e em outros locais (no passado e no presente). Então, problematize as diferentes concepções históricas das idéias de cidadania.
3) Apresente aos alunos o tema da aula e pergunte se sabem o motivo de iniciar a aula com o questionamento sobre cidadania. Nesse momento, explique o que foi a Revolta da Vacina e as preocupações sanitárias existentes na época, e que levaram a uma reestruturação da cidade do Rio de Janeiro.Deixe claro que o objetivo da aula é tratar essa revolta inserida em um longo processo histórico, no qual a participação popular ocorreu por meio dos canais oficiais e não oficiais.
4) Peça que os alunos leiam textos sobre a Revolta da Vacina e apresentem seus questionamentos. Caso exista esse tema no livro didático utilizado em sala de aula, pode ser interessante uma leitura coletiva e compartilhada.
Atividades
1) Peça que os alunos tragam notícias ou reportagens (já lidas) em que o desejo de participação popular seja o tema.
2) Organize duplas, para que os documentos trazidos pelos alunos sejam trocados entre eles, o que propiciará a leitura de um segundo documento.
3) Faça uma tabela na lousa, na qual todas as motivações para organização popular sejam registradas. Pergunte se os alunos conhecem outras motivações, inserindo-as na tabela.
4) Desenvolva um debate com os alunos, perguntando se há igualdade de condições para que toda a população participe da vida política do país.
Sugestão de leituraA obra "Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi", de José Murilo de Carvalho, Editora Cia. das Letras, permite aprofundar o estudo da Revolta da Vacina em vários sentidos.
*Érica Alves da Silva é historiadora.
SITES:

INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

Sete de Setembro
Érica Alves da Silva*Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Objetivos
1) Reconhecer as concepções dos alunos sobre liberdade. Debatê-las para que eles se reconheçam como sujeitos de suas vidas e para que percebam as interferências deles na sociedade.
2) Perceber as forças em jogo no processo de independência nacional - as influências inglesas, a resistência portuguesa etc.
3) Reconhecer o significado das comemorações de datas como a independência para o presente, ou seja, estabelecer relações entre história e memória.
4) Refletir sobre os beneficiados pelo processo de independência e sobre aqueles que não tiveram as condições de vida alteradas substancialmente.
Comentário introdutório
Qualquer tema histórico, ao ser debatido para a construção de um posicionamento crítico, deve mostrar a relação com a vida cotidiana do grupo de alunos. Assim, o conhecimento da relação presente-passado-presente será elemento importante para a compreensão do mundo.Diante disso, é fundamental que o processo brasileiro de independência seja analisado com olhares sobre as disputas entre os diversos sujeitos históricos que nele estiveram envolvidos, direta ou indiretamente. Na atualidade, o estudo da história não valoriza apenas os chamados "grandes nomes", mas todos os embates de forças do contexto histórico.
Refletir com os alunos sobre a comemoração da independência brasileira é essencial. Deve-se pensar sobre qual memória foi preferida, ou seja, o que foi escolhido para se lembrar e para se esquecer. Qual a relevância disso para a manutenção do sentimento de unidade entre a população brasileira?
Estratégias
1) Antes de iniciar os estudos sobre a independência nacional, é importante reconhecer as idéias dos alunos sobre independência , para que se possa orientar a aula de modo a responder às expectativas do grupo. Pode-se criar uma tempestade de idéias com o conceito de independência, em que a turma colocará todas as idéias que tiverem sobre o tema. Uma boa idéia é escrever o conceito na lousa, puxar setinhas e pedir que os alunos coloquem o que entendem por independência;
2) A partir do reconhecimento das idéias de independência que os alunos têm, apresente os antecedentes da independência do Brasil e a efetivação dela. Procure demonstrar que a história não se constrói por consensos, isto é, assim como eles têm idéias distintas sobre independência, os sujeitos históricos no contexto analisado também tinham interpretações - pautadas em seus interesses - que se distanciavam;
3) Depois dos alunos conhecerem os interesses dos distintos grupos no processo brasileiro de independência, faça uma pequena encenação, na qual cada equipe deve defender as idéias de um dos interessados em fazer ou não fazer a independência brasileira.
Por exemplo:
a) antigos funcionários da Coroa Portuguesa (contrários à independência porque eram beneficiados com o sistema colonial);
b) a Inglaterra, que, devido à industrialização crescente, buscava novos mercados consumidores;
c) a aristocracia rural, que não desejava perder seus benefícios.
Atividades
1) Depois de utilizar estratégias que levem os alunos a reconhecer os diversos posicionamentos dos sujeitos históricos, é hora de fazer a relação com o presente. Em grupos, os alunos devem descrever as imagens mais freqüentemente recuperadas na atualidade para lembrar a independência brasileira. Eles devem perguntar-se por que tais lembranças são recuperadas e outros fatos deixados no esquecimento, como, por exemplo, os verdadeiros beneficiados pelo ocorrido.
2) Faça com os alunos um debate sobre essas razões e aprofunde as colocações deles com os debates desenvolvidos pela historiografia sobre os limites entre história e memória. Isso deve ser norteado pelo estágio em que os alunos estiverem em relação aos conceitos da disciplina. Ou seja, deve ser respeitado o "ritmo" dos alunos.
3) Peça aos grupos que façam uma notícia de jornal - para o presente. Nela, eles devem colocar o que precisa ser lembrado, segundo cada grupo, ao se fazer referência à independência na atualidade.
4) Por fim, os grupos devem apresentar as notícias para a turma e explicar por que se deveria pensar a independência dessa maneira, lembrando a quem a independência beneficiou.